Mais de dez anos após os primeiros registros, a chikungunya ainda representa um importante desafio de saúde pública no Brasil. A avaliação é da reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), durante congresso realizado em Salvador.
Segundo a especialista, o maior obstáculo continua sendo o combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da chikungunya, da dengue e do zika.
"Ainda existem muitos desafios para a gente tratar e controlar essa doença no Brasil. O primeiro destaque que temos é o controle desse vetor. A gente mora numa zona tropical e em que há dificuldade de controle por causa [da falta de] saneamento básico. E a gente precisa também de uma adequação do sistema de saúde para acompanhamento desses pacientes, principalmente na rede pública. Dependendo da região, não existem ambulatórios suficientes no Brasil para acompanhar esse paciente”, disse.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) manifestou preocupação com surtos recentes da doença nas Américas. Em 2025, os maiores registros ocorreram no Brasil, Bolívia e Paraguai. Até 9 de agosto, foram contabilizados mais de 212 mil casos e 110 mortes na região. No Brasil, até 17 de setembro, o número chegou a 121.803 casos e 113 mortes confirmadas.
Recentemente, o Instituto Butantan anunciou uma vacina desenvolvida em parceria com a farmacêutica Valneva, que utiliza uma versão viva e atenuada do vírus da chikungunya. O imunizante foi aprovado pela Anvisa em abril deste ano para aplicação em pessoas a partir de 18 anos. No entanto, em agosto, a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, suspendeu a licença da vacina após relatos de efeitos adversos graves, incluindo hospitalizações e mortes.
Segundo Viviane Machicado Cavalcante, a decisão americana pode levar a Anvisa a rever sua própria aprovação.
A chikungunya provoca febre alta e dores intensas nas articulações, que podem se tornar crônicas. Outros sintomas incluem dor muscular, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele, calafrios e dor atrás dos olhos. Em casos graves, o quadro pode comprometer a qualidade de vida dos pacientes por anos.
A principal forma de prevenção continua sendo o combate ao mosquito transmissor, eliminando água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas e outros recipientes onde o Aedes aegypti deposita seus ovos.
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