Três empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", somam R$ 1,5 milhão em dívidas ativas com a União. O levantamento, baseado em dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), aponta que os valores se referem a créditos tributários e não tributários, como multas e ressarcimentos ao erário.
O lobista, que está preso desde 12 de setembro em um desdobramento da Operação Sem Desconto da Polícia Federal (PF), está no centro de um escândalo de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cuja fraude é estimada em R$ 6 bilhões.
A maior parte da dívida ativa está concentrada na Brasília Consultoria Empresarial S/A (nome fantasia BSB Business Consulting), que acumula R$ 903,4 mil em quatro débitos tributários contraídos em 2024.
O rol de devedores da PGFN também inclui a Prospect Consultoria Empresarial, uma das principais envolvidas no esquema do INSS. Esta empresa deve R$ 636,1 mil, dívida que remonta a quatro débitos de 2023.
A terceira empresa, ACCA Consultoria Empresarial, na qual o lobista figura como diretor, deve R$ 40,1 mil em duas dívidas registradas neste ano. Antonio Carlos Camilo Antunes é o administrador das outras duas empresas com dívidas ativas.
Procurado para comentar os débitos, o advogado do lobista, Cleber Lopes, limitou-se a declarar: "Não vamos responder".
As dívidas com a União somam-se a outros indícios que levaram à prisão do lobista e à intensificação das investigações. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviados à CPMI do INSS, apontaram que o "Careca do INSS" movimentou recursos de forma atípica e fragmentada, chegando a R$ 53 milhões.
A prisão preventiva, solicitada pela PF, foi justificada pelo suposto risco de fuga e por indícios de ocultação patrimonial. O lobista demonstrou sinais de desinvestimento após a deflagração da Operação Sem Desconto em maio:
Ainda no quesito patrimônio, o lobista coleciona carros de luxo. Um levantamento indica que ele adquiriu pelo menos 21 automóveis desse tipo de uma mesma concessionária em São Paulo, em um valor total superior a R$ 11,1 milhões. Parte desses veículos foi apreendida em maio.
O "Careca do INSS" é considerado o dono de uma rede de call centers que captavam beneficiários para filiá-los a entidades e, assim, realizar os descontos indevidos. A comissão dele sobre novos filiados chegava a 27,5% dos descontos.
Ele é suspeito de corromper ex-diretores e o ex-procurador-geral do INSS com pagamentos a empresas e, em alguns casos, até a transferência de carros de luxo a parentes dos servidores. O escândalo levou às demissões do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, e do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.
Apesar das evidências, o lobista nega as acusações, classificando a alegação de que atuaria como um dos principais operadores do esquema como um "enredo fantasioso".
(Foto: Reprodução/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
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