Quarta, 29 de Outubro de 2025
32°

Parcialmente nublado

Teresina, PI

Meio Ambiente Crise Hídrica

Brasil pode sofrer racionamento de água por até 30 dias ao ano até 2050, alerta estudo

Projeção do Instituto Trata Brasil aponta que a combinação de mudanças climáticas e ineficiência na distribuição pode gerar desabastecimento, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste.

29/10/2025 às 08h37
Por: Amanda Lafayette Fonte: Agência Brasil
Compartilhe:
Foto: Reprodução/Flickr/R. del negro
Foto: Reprodução/Flickr/R. del negro

O Brasil corre o risco de sofrer com o desabastecimento de água até 2050, segundo uma projeção divulgada nesta terça-feira (28) pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria Ex Ante. O estudo Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas projeta cenários preocupantes, caso não haja mudanças imediatas nos investimentos e na gestão hídrica.

Na média das cidades brasileiras, haveria restrição de 3,4% na disponibilidade de água ao longo do ano, o que representaria 12 dias de racionamento anualmente. Em partes mais secas do Nordeste e do Centro-Oeste, a restrição poderia passar dos 30 dias.

Aumento da Demanda e Temperatura

O levantamento aponta que a demanda por água deve aumentar drasticamente. Considerando um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7% ao ano e a manutenção do atual índice de perdas no sistema de distribuição, a demanda por água até 2050 exigiria um aumento de 59,3% na produção de água tratada em relação aos níveis de 2023.

A alta demanda é impulsionada também pelas mudanças climáticas. A projeção é de que a temperatura máxima aumente aproximadamente 1° C até 2050, enquanto a temperatura mínima terá um acréscimo estimado de 0,47 °C. O estudo prevê também a redução no número de dias chuvosos e a ocorrência de precipitações mais fortes.

Risco de Desertificação

A combinação de aumento de temperatura com menos dias de chuva tende a intensificar a aridez de diversas regiões, o que pode ampliar o semiárido brasileiro e trazer o risco de desertificação em novas áreas.

Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, reforçou a urgência em nota: “Os dados apresentados reforçam a tendência de aumento no consumo de água, vindos com a maior oferta dos serviços, a expansão demográfica e o crescimento da economia. As tendências climáticas indicam restrição de oferta de água de 3,4% na média do ano por escassez de recursos hídricos em nossos mananciais”.

A especialista alerta que o país precisa adotar medidas imediatas e efetivas para reduzir as perdas no sistema de distribuição de água e planejar a gestão de forma sustentável.

“Onde já enfrentamos escassez, como em partes do Nordeste e Centro-Oeste, a falta de água pode se prolongar por mais de 30 dias, o que traz impactos severos na saúde e na qualidade de vida das pessoas. É fundamental agir agora para promover eficiência, e preparar o país para enfrentar os desafios que as mudanças climáticas trarão nos próximos anos”, concluiu.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Ele1 - Criar site de notícias