A Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou, entre os dias 3 e 10 de outubro de 2025, a primeira edição da Operação Alerta Lilás, voltada exclusivamente para o combate a crimes cometidos contra mulheres em rodovias federais de todo o país. A ação coincidiu com o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, celebrado em 10 de outubro.
Durante a operação, 83 pessoas foram presas nas cinco regiões do Brasil em cumprimento a mandados de prisão em aberto. As detenções ocorreram por crimes graves, como feminicídio, estupro, agressão e tentativa de homicídio, além de outros.
O diretor-geral da PRF, Antonio Fernando Oliveira, destacou a prioridade no enfrentamento à violência de gênero. "Os crimes de violência de gênero devem ser combatidos de forma prioritária, por se tratar de ataques a pessoas mais vulneráveis por quem muitas vezes deveria protegê-las", afirmou.
O sucesso da operação foi impulsionado pelo uso de tecnologia e inteligência policial, especialmente com o Sistema Alerta Lilás, que ativa avisos no sistema de consulta criminal da PRF interligado ao Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Segundo a diretora de inteligência da PRF, Nádia Zilotti, o sistema cruza dados e monitora o fluxo de veículos, permitindo identificar e abordar indivíduos com mandado ativo que circulam nas rodovias federais.
As prisões foram registradas em 26 das 27 unidades da federação, com exceção de Alagoas. A maioria dos mandados cumpridos (54 dos 83) foi por não pagamento de pensão alimentícia, considerado um crime patrimonial contra vulnerável.
Zilotti explicou que a prioridade se deve ao fato de que "a inadimplência deixa mães e crianças mais vulneráveis e, muitas vezes, sujeitas a um ciclo de violência pela dependência patrimonial".
Outros crimes identificados durante a operação incluem:
· Estupro de vulnerável: 7 mandados;
· Homicídio, feminicídio e tentativa de homicídio: 6 mandados;
· Lesão corporal (com aumento de pena): 6 mandados;
· Descumprimento de medida protetiva: 5 mandados;
· Ameaça e violência doméstica: 3 mandados;
· Apropriação indébita com violência patrimonial: 1 mandado.
As rodovias com mais prisões foram a BR-101, com 14 detenções, e a BR-364, com 9 registros, concentrando quase metade das prisões (47%).
A PRF destacou ainda que a subnotificação é um dos principais desafios no combate à violência de gênero, com estimativas indicando que até 61% dos casos de violência doméstica e familiar contra mulheres não são registrados.
Para denúncias e pedidos de ajuda, a corporação reforça os canais de atendimento:
· Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, gratuito e confidencial, disponível 24 horas por dia (também via WhatsApp pelo número (61) 9610-0180);
· Polícia Militar, pelo telefone 190, em casos de emergência.
(Foto: Reprodução)
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