Tentativa de roubo termina em morte e linchamento em Fortaleza: contexto atual da criminalidade no Ceará

Um homem morreu e seu comparsa sofreu tentativa de linchamento na tarde desta quinta-feira (21), após tentarem roubar a arma de um policial militar que estava de folga na Rua Capitão Brasil, bairro Antônio Bezerra.

Confronto no local

Segundo a Polícia Militar (PM), a dupla abordou o agente e o atingiu com um coronhada na cabeça. Mesmo ferido, o policial reagiu com luta corporal e conseguiu atirar em um dos suspeitos. Esse acabou falecendo no local, conforme os socorristas do Samu. O comparsa foi contido por populares que tentaram linchá-lo, mas acabou preso e levado a um hospital sob escolta policial, onde permanece internado.

O policial também foi atendido por um ferimento na cabeça, mas passa bem. A PM apreendeu um revólver com munições deflagradas que estava com os suspeitos.

Desdobramentos e investigação

O caso foi registrado no 10º Distrito Policial, onde o militar prestou depoimento. O sobrevivente foi autuado por tentativa de latrocínio. Trata-se de um homem de 23 anos, com antecedentes por tráfico de drogas e três registros por receptação.

Segurança no Ceará em 2025 – Panorama atual

Segundo dados oficiais da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) e da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS):

Redução de roubos e homicídios

·        Primeiro quadrimestre (jan–abr/2025): queda de 18,3 % nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) e de 26,8 % nos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs, que incluem roubos).

·        Janeiro a abril/2025 em todo o estado: CVLIs caíram 36,9 %; em Fortaleza, redução de 28,4 % (58 homicídios em abril de 2025 vs. 81 em abril de 2024).

·        Janeiro a março/2025: queda de 27,2 % nos CVPs no Ceará; Fortaleza teve retração de 31,3 % (4.753 ocorrências vs. 6.917).

·        Janeiro a maio/2025: redução de 25,3 % nos roubos em todo o estado; em Fortaleza, queda de 27,8 %. 

·        Janeiro a julho/2025: queda de 23,4 % nos CVPs no Ceará; Fortaleza teve retração de 25,9 %.

·        CVLIs (homicídios) de janeiro a julho/2025: queda de 13,8 % no estado.

·        No primeiro semestre de 2025: o estado registrou redução de 16,6 % nos CVLIs, 23,9 % nos roubos (CVPs) e 7,2 % nos furtos. 

Apreensão de armas de fogo

·        Primeiro semestre (jan–jun/2025): foram apreendidas 3.544 armas de fogo no Ceará — um aumento de 8,7 % em relação ao mesmo período de 2024, uma média de quase 20 armas por dia.

·        Fortaleza: aumento de 9,4 % (847 armas apreendidas vs. 774).

·        Região Metropolitana de Fortaleza: +8,3 %.

·        Interior Sul: +12,5 %; Interior Norte: +5,4 %.

·        Julho/2025 isoladamente: 613 armas foram apreendidas, um aumento de 7,7 % em relação a julho anterior.

Prisões e combate ao crime organizado

·        Janeiro a julho/2025: 20.073 pessoas foram presas por flagrantes ou mandados — uma média de quase 95 detenções por dia. As prisões relacionadas a Crime Violento Letal Intencional (CVLI) cresceram 28,2 %, e as relacionadas a organizações criminosas aumentaram 45,1 %.

·        Polícia Federal: entre janeiro e julho/2025, prendeu 85 foragidos da justiça no Ceará Serviços e Informações do Brasil.

Violência contra jovens

·        O Atlas da Violência 2025 apontou que, em 2023, a taxa de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos no Ceará foi de 72,8 por 100 mil habitantes — 5º maior do país, e bem acima da taxa nacional (45,1).

·        Em 2024, 51 % das vítimas de homicídio tinham entre 0 e 29 anos; entre os casos com dados sobre raça/cor, 35 % eram de pessoas negras, embora em 59 % não tenha sido informado esse dado.

Panorama geral e conclusão

A tentativa de roubo ao policial reforça a persistência de incidentes violentos no Ceará, apesar das estatísticas mostrarem uma queda consistente em roubos, homicídios e furtos ao longo de 2025. A repressão foi fortalecida com aumento expressivo nas apreensões de armas e prisões, além de ações de integração entre órgãos de segurança (PM, PC, PF). Contudo, o cenário ainda exige atenção especial à violência juvenil e à desigualdade racial nas vítimas, que seguem concentrando as principais estatísticas de mortes violentas.