
Nesta quinta-feira (13), um estudo lançado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), revelou que invasões e garimpo ilegal ocorrem em quase 60% das comunidades quilombolas brasileiras, segundo pesquisa inédita do Instituto Sumaúma, organização da sociedade civil sem fins lucrativos.
Intitulado Corpos-territórios quilombolas e o fio conectado da ancestralidade: entre as agendas de justiça climática e as práticas culturais e comunicacionais, o estudo alerta para a sobreposição entre crises climáticas e violações de direitos humanos, que ameaçam os territórios e os modos de vida dessas comunidades. Mais da metade (54,7%) desses territórios já reporta secas extremas e 43,4% sofrem com a perda de suas plantações.
"Os dados provam o que as lideranças denunciam há décadas: o racismo ambiental define quem recebe investimento e quem tem seu território invadido", alerta Taís Oliveira, diretora do Instituto Sumaúma.
"Não haverá justiça climática enquanto o financiamento climático não adotar lentes antirracistas. Os quilombos não são apenas vítimas das mudanças climáticas, eles são detentores das soluções ancestrais de manejo e proteção que o Brasil precisa”, completa.
A pesquisa também mostra que 64,2% das lideranças quilombolas enfrentam barreiras para captar recursos devido ao racismo estrutural. A exclusão é agravada por falhas no ecossistema de filantropia e investimento social, que raramente prioriza projetos liderados por comunidades negras.
A agenda de sobrevivência e direitos básicos é ainda mais urgente: o racismo (87%), a demanda por políticas públicas (85%) e educação (77,4%) foram os temas mais citados.
O estudo destaca o protagonismo feminino e jovem entre comunicadores quilombolas - 58,5% são mulheres e quase 70% têm entre 18 e 39 anos de idade. Apesar do alto nível de escolaridade, 88% vivem com até cinco salários mínimos.
Outro dado crítico é a baixa infraestrutura digital: quase metade das comunidades enfrenta problemas de internet e sinal móvel. Ainda assim, 96% usam o celular diariamente e 87% recorrem às redes sociais como ferramenta de mobilização.
As conclusões do estudo reforçam a urgência de políticas públicas e financiamento antirracista que reconheçam o papel das comunidades quilombolas na justiça climática e na preservação dos biomas brasileiros.
“Ainda existe uma imagem equivocada e até estereotipada de que os quilombolas vivem isolados, e essa não é a realidade. Assim como outras populações, nós também temos acesso à internet, frequentamos faculdade e levamos uma vida como qualquer outra", explica Juliane Sousa, quilombola, jornalista e pesquisadora que atua como consultora convidada na pesquisa.
"A diferença está na nossa relação com a natureza, que vem de nossas heranças ancestrais e se baseia no cuidado com todas as formas de vida. Para nós, nada disso é novo, é só a maneira como vivemos”, esclarece.
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