
A alface, uma das hortaliças mais consumidas no Brasil, pode ter seu cultivo severamente comprometido nas próximas décadas. Um estudo da Embrapa Hortaliças, em Brasília, aponta que até o ano de 2100, praticamente todo o território nacional enfrentará risco climático alto ou muito alto para a produção da folhosa.
As projeções foram feitas com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O estudo considerou dois cenários: um otimista, com controle parcial das emissões de gases de efeito estufa, e outro pessimista, com crescimento contínuo das emissões.
“Compreender como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alface, em um país tropical como o Brasil, é essencial para desenhar estratégias de adaptação. Isso permite antecipar impactos e evitar prejuízos”, disse o engenheiro ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador da Embrapa.
Segundo o levantamento, o verão será o período mais crítico, com temperaturas podendo ultrapassar os 40°C em grande parte do país — bem acima do ideal para o desenvolvimento da planta, que requer clima ameno e umidade equilibrada. Entre 2071 e 2100, no cenário otimista, 79,6% do território apresentará risco alto e 17,4% risco muito alto. Já no cenário pessimista, 87,7% da área nacional estará sob risco muito alto.
O engenheiro agrônomo Fábio Suinaga, também da Embrapa, explicou que o calor extremo ameaça tanto a germinação quanto a qualidade da alface. “Do ponto de vista evolutivo, a alface depende de temperatura amena e boa umidade para se desenvolver plenamente. Esses números projetados são preocupantes porque a adaptação da espécie às altas temperaturas é mínima, especialmente se considerar que as sementes exigem temperaturas inferiores a 22°C para germinar”, diz.
Para enfrentar o desafio, a Embrapa tem desenvolvido cultivares mais resistentes ao calor, como a BRS Mediterrânea. Segundo Suinaga, essa variedade permanece menos tempo no campo e possui sistema radicular vigoroso, o que melhora o aproveitamento de água e nutrientes.
O produtor Rodrigo Baldassim, de São José do Rio Pardo (SP), relatou que a BRS Mediterrânea representa 80% de sua produção.“Ela aguenta melhor as altas temperaturas quando comparada a outros materiais comerciais”, informou.
Os próximos passos da pesquisa incluem ampliar o mapeamento climático para outras hortaliças, como tomate, batata e cenoura, e adotar inteligência artificial para acelerar a criação de novos mapas de risco climático.
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