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Educação Refeição Escolar

Escolas precisam melhorar qualidade da merenda, aponta Unesco

Relatório mostra que refeições equilibradas aumentam frequência e matrículas; Brasil é destaque, mas ainda falta fiscalização

25/09/2025 às 08h26
Por: Amanda Lafayette Fonte: Agência Brasil
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Foto: Reprodução/Prefeitura de Itanhaém
Foto: Reprodução/Prefeitura de Itanhaém

A alimentação escolar é essencial para o aprendizado e o bem-estar das crianças, mas ainda enfrenta grandes desafios no mundo. Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado em setembro, reforça a importância de oferecer refeições mais nutritivas nas escolas.

Segundo o documento, embora quase metade das crianças do planeta tenha acesso à merenda, a qualidade nutricional ainda não recebe a devida atenção. O relatório indica que refeições balanceadas, feitas com alimentos frescos e acompanhadas de educação alimentar, podem aumentar em até 9% as matrículas e em 8% a frequência escolar, além de melhorar o desempenho pedagógico.

O estudo também relaciona a falta de monitoramento ao crescimento da obesidade infantil, que mais do que dobrou desde 1990, em meio ao avanço da insegurança alimentar. Em 2022, quase um terço das refeições servidas no mundo não contou com nutricionistas no planejamento. Além disso, apenas 93 dos 187 países avaliados tinham normas para regular os alimentos oferecidos nas escolas — e somente 65% controlavam a venda em cantinas e máquinas automáticas.

"A Unesco entende que a maior oferta de alimentos in natura pode passar por maior valorização da agricultura familiar e da cultura local. É uma questão de identidade regional, de valorização do pequeno agricultor, de manter o recurso na comunidade e fazer a economia circular na região. Tudo isso com base em uma alimentação saudável", diz Lorena Carvalho, oficial de projetos do setor de educação da Unesco no Brasil.

No Brasil, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é citado como exemplo positivo, já que passou a restringir o uso de ultraprocessados. Ainda assim, o relatório aponta a necessidade de maior fiscalização.

"A legislação brasileira já não permite a incidência alta de alimentos ultraprocessados na alimentação escolar, então acredito que é preciso ter mais fiscalização", acrescenta Lorena.

Outros países também têm mostrado bons resultados. Na China, a inclusão de vegetais, leite e ovos nas escolas rurais aumentou a ingestão de nutrientes e a frequência dos alunos. Na Nigéria, a merenda baseada na produção local elevou em 20% as matrículas no ensino primário. Já na Índia, o uso de milheto fortificado nas refeições melhorou a atenção e a memória dos adolescentes.

A Unesco recomenda que governos priorizem alimentos frescos e locais, reduzam o consumo de ultraprocessados e incluam a educação alimentar no currículo escolar. A organização também promete lançar em 2025 ferramentas práticas e programas de capacitação para gestores e educadores.

O relatório integra o Monitoramento Global da Educação (GEM), que acompanha o progresso dos países em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4), sobre educação de qualidade.

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