Na mais recente atualização do Cadastro de Empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão — popularmente conhecido como “Lista Suja” —, o estado do Piauí registrou a inclusão de 31 empresas e empregadores, destacando-se entre as unidades federativas com maior número de ocorrências. A nova relação foi divulgada nesta quarta-feira (9) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e reúne, ao todo, 155 novos nomes em âmbito nacional.
O cadastro, que é atualizado semestralmente, traz à tona empregadores que, após processo administrativo concluído e direito de defesa garantido em duas instâncias, tiveram confirmadas práticas que violam a dignidade do trabalhador. A inclusão só ocorre após auditorias detalhadas, conduzidas por fiscais do trabalho, comprovarem situações de exploração.
Nesta edição, os setores mais recorrentes entre os casos foram a criação de bovinos (com 21 registros), o cultivo de café (20), o trabalho doméstico (18), a produção de carvão vegetal (10) e a extração de minerais (7). No contexto piauiense, parte das empresas identificadas está localizada em municípios do norte do estado, como Piripiri, Piracuruca, Boa Hora, Buriti dos Lopes e Batahá.
A permanência na lista tem duração de dois anos e busca garantir maior transparência nas ações de enfrentamento ao trabalho escravo moderno. Além disso, a exposição dos nomes funciona como ferramenta de pressão social e institucional, visto que bancos públicos e diversas empresas privadas restringem relações comerciais com os cadastrados.
A população pode contribuir com o combate a essas práticas por meio de denúncias anônimas e gratuitas. O canal oficial para isso é o Sistema Ipê, plataforma digital desenvolvida pelo Governo Federal em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O combate ao trabalho escravo contemporâneo é uma responsabilidade coletiva — e passa, também, por uma fiscalização ativa da sociedade civil.
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