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Justiça Condenação

Policial civil é condenado a mais de 17 anos por roubo e extorsão, mas segue recebendo salário no MA

Investigador afastado perdeu o cargo por decisão judicial, mas ainda não cumpre pena nem teve recurso julgado

29/12/2025 às 07h52
Por: Amanda Lafayette Fonte: G1 Maranhão
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Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal
Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal

O investigador da Polícia Civil do Maranhão, Kassamio Leal Paraíba, foi condenado em setembro de 2025 a 17 anos, 3 meses e 27 dias de prisão, em regime inicialmente fechado, pelos crimes de roubo (cometido três vezes) e extorsão. Apesar da sentença e da determinação judicial para perda do cargo, ele ainda não cumpre pena e segue recebendo salário do Estado.

A condenação foi determinada pela 1ª Vara Criminal de Timon, em decisão assinada pelo juiz Rogério Monteles da Costa. Após a sentença, Kassamio entrou com recurso na segunda instância, que ainda não foi julgado.

Mesmo afastado das funções, Kassamio continua oficialmente como membro da Polícia Civil. Dados do Portal da Transparência mostram que, entre janeiro e novembro de 2025, ele recebeu salários brutos que variaram de R$ 8,7 mil a R$ 9,8 mil.

O caso que resultou na condenação aconteceu em 31 de março de 2020. Segundo a Justiça, Kassamio e outros comparsas se passaram por policiais civis, invadiram a casa de um comerciante, fizeram a família refém, cometeram roubos em três locais diferentes e ainda exigiram R$ 50 mil da vítima, sob ameaça de morte.

A sentença aponta um conjunto de provas considerado “robusto e coeso”, incluindo depoimentos das vítimas, confissões de comparsas, laudos periciais, imagens de câmeras de segurança e dados de localização obtidos por quebra de sigilo telefônico. As investigações indicaram que Kassamio dirigia o carro usado no crime e que seu celular esteve nos locais e horários das ações.

Na decisão, o juiz destacou que o policial usou a função pública para facilitar os crimes, utilizando símbolos da corporação para intimidar as vítimas, o que motivou a perda definitiva do cargo.

Além desse processo, Kassamio também responde a outras acusações, como receptação e homicídio, em Timon, que ainda não tiveram julgamento final. Ele é irmão do atual delegado-geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko Leal Paraíba.

Outro réu do caso, identificado como “Jhonildo”, foi condenado a 15 anos, 9 meses e 17 dias de prisão. Já um terceiro envolvido, Marcos Wanderson Venâncio Mendes, teve a punibilidade extinta após morrer durante o processo.

Defesa de Kassamio

A defesa de Kassamio Leal Paraíba pediu sua absolvição e alegou, entre outros pontos:

·         Ilicitude das provas em vídeo, argumentando que teria havido quebra da cadeia de custódia;

·         Insuficiência das provas de localização do celular;

·         Ausência de reconhecimento formal do réu pelas vítimas;

·         Coação na confissão do corréu Marcos Wanderson (falecido), que mencionou Kassamio;

·         Álibi, sustentando que ele estaria em uma “campana policial” no momento dos crimes.

No entanto, o juiz rejeitou todos os argumentos. Segundo a sentença, os laudos periciais comprovaram a integridade dos vídeos, não houve demonstração de qualquer adulteração e o STJ já havia analisado a questão sem apontar irregularidades.

A justificativa do álibi apresentado por Kassamio também foi afastada. O delegado responsável à época disse que não determinou nenhuma diligência para ele na data dos crimes, e não houve apresentação de qualquer documento que confirmasse a missão.

O magistrado destacou ainda que, embora as vítimas não tenham reconhecido Kassamio por causa da balaclava usada na ação, há “cadeia de provas materiais e técnicas independentes” suficiente para comprovar sua atuação como líder do grupo.

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