O cultivo de alface no Brasil pode ser duramente impactado pelo avanço das mudanças climáticas. A projeção é da Embrapa Hortaliças, que utilizou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Segundo os pesquisadores, até o final do século praticamente todo o país enfrentará condições de risco elevado ou muito elevado para a produção da folhosa.
No cenário considerado mais otimista — com controle parcial das emissões de gases de efeito estufa e aumento médio da temperatura global entre 2°C e 3°C até 2100 — a expectativa é de que quase todas as regiões brasileiras apresentem risco climático alto para o cultivo da alface durante o verão. Restariam apenas pequenas áreas produtivas isoladas, espalhadas pelo território nacional.
Já no cenário pessimista, todo território brasileiro passa a apresentar risco climático muito alto para o cultivo de alface, com a faixa litorânea do país em risco alto. “Os mapas evidenciam a urgência de pensarmos em sistemas produtivos adaptados ao clima, especialmente para hortaliças, que são mais sensíveis do que as grandes culturas como milho ou soja”, destaca Pacheco.
A partir destes resultados, os planos da Embrapa são expandir o mapeamento para outras espécies de hortaliças, como tomate, batata e cenoura com o uso de inteligência artificial visando obter maior escala e agilidade no desenvolvimento dos estudos. “É preciso olhar para esses mapas e seus dados como uma ferramenta estratégica para o delineamento de novas pesquisas em resposta à crise climática”, completa o pesquisador em Mudanças Climáticas Globais da Embrapa.
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