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Com equipe multidisciplinar, Hospital São José acolhe e acompanha pacientes com tuberculose de alta complexidade

Ambulatório de Tuberculose do HSJ acompanha pacientes com coinfecção por HIV, TB extrapulmonar e TB multirresistente Quando começou a sentir dores ...

28/03/2025 às 19h50
Por: Redação Portal Verdes Campos Sat Fonte: Secom Ceará
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Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

Quando começou a sentir dores e inchaço na mama direita, por volta de setembro de 2023, a dona de casa Izaura Oliveira, 47, temeu estar com alguma doença mais grave. Os exames de imagem, no entanto, não detectaram nenhuma anormalidade. Com o passar do tempo, ela também começou a apresentar perda de peso. “Eu emagreci e fiquei tão ruim que nem andar eu estava conseguindo. Eu perdi uns 8 kg ou mais, fiquei magra mesmo. Em novembro de 2023, quando fiz 46 anos, fui internada. Após a biópsia feita no hospital, fui diagnosticada com mastite e tratada com corticoide, mas não deu resultado”, relata.

Após alguns meses sem apresentar melhora, Izaura foi encaminhada para avaliação com infectologista no Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de casos mais complexos de tuberculose. “Eu vim para cá em setembro do ano passado, e me passaram tratamento para tuberculose mamária. Aí deu certo, desinchou e, graças a Deus, acabou tudo, depois daí, foi só glória”, celebra.

A tuberculose (TB) é causada pela bactéria bacilo de Koch, transmitida por aerossóis expelidos por tosse, fala ou espirro da pessoa infectada. A doença afeta prioritariamente os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos (TB extrapulmonar), como mamas, ossos, fígado e rins, entre outros. Quando se trata da TB pulmonar, os principais sintomas incluem tosse por mais de três semanas associada a febre, calafrios e perda de peso.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará
Izaura Oliveira recebeu alta médica do tratamento para TB mamária na última sexta-feira (21)

“Quando a tuberculose acomete o pulmão, dá o sintoma mais característico que é a tosse. Quando você tem fora do pulmão, vai dar febre, pode dar perda de peso e sintomas relacionados àquilo: nos rins, vai dar dor ao fazer xixi; no intestino, vai dar diarreia; no olho, vai dar redução da acuidade visual”, exemplifica o infectologista do HSJ, Bruno Pinheiro.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a tuberculose é a doença infecciosa que mais mata no mundo, superando a covid-19. A infectologista do HSJ, Liliane Granjeiro, alerta que o indivíduo com tosse por mais de três semanas precisa buscar o posto de saúde para fazer a investigação da tuberculose. Ela acrescenta que, uma vez dado o diagnóstico, é importante fazer o rastreamento de pessoas que tiveram contato com o paciente, como moradores da mesma residência e colegas de trabalho.

“Nem todo mundo que teve contato com a micobactéria vai adoecer; às vezes ele pega a infecção, mas não desenvolve a doença, o que chamamos de tuberculose latente. É importante sempre rastrear esses contactantes e, quando tiver a TB latente com indicação de tratamento, tratar para, no futuro, a pessoa não vir a desenvolver a doença. Quanto mais precoce esse diagnóstico, melhor para quebrar o ciclo de transmissão”, ressalta a médica.

tuberculose tem cura: o tratamento completo da doença dura seis meses e, após 15 dias do início das medicações, o risco de contágio reduz consideravelmente.

Acompanhamento multidisciplinar

O Hospital São José possui ambulatório, emergência 24h e 16 leitos de internação para pacientes com tuberculose, sendo quatro para isolamento daqueles com tuberculose multirresistente, que não respondem ao esquema básico de tratamento. O paciente chega à unidade via regulação, encaminhado por outras unidades de saúde; caso apresente quadro grave da doença, ele também pode buscar a Emergência do HSJ, onde será avaliada a necessidade ou não de internação.

Durante a internação, o paciente é acompanhado por equipe multidisciplinar composta por médicos, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros e fonoaudióloga. Segundo a coordenadora de Psicologia do HSJ, Niveamara Sidrac, o aspecto emocional influi diretamente na adesão ao tratamento.

“O psicólogo vai ajudar a compreender que aquela dificuldade de tomar o medicamento não necessariamente tem uma causa só orgânica, mas também emocional da pessoa, que fica abalada com o tratamento, com medo de morrer e infectar as pessoas. À medida que ele vai trabalhando esses medos, ele vai aderindo melhor ao tratamento”, explica.

Foto: Reprodução/Secom Ceará
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Durante a internação, pacientes com tuberculose recebem dieta hipercalórica e hiperproteica para garantir o ganho de peso adequado

A nutrição também é fundamental na recuperação do paciente internado com tuberculose, uma vez que o hipercatabolismo (aumento do processo metabólico) e a perda de apetite causados pela doença levam a uma perda acentuada de massa muscular. De acordo com a nutricionista clínica do HSJ, Ranielle Saraiva, a atuação da Nutrição garante que o paciente receba uma dieta hipercalórica e hiperproteica, além de fornecer algumas suplementações que auxiliam na manutenção e/ou recuperação do estado nutricional, garantindo o ganho de peso adequado.

“Um dos nossos desafios enquanto nutricionistas é administrar os efeitos colaterais dos medicamentos, como náuseas, vômitos e diarreia, que dificultam a boa adesão à dieta e à própria suplementação. Para conseguir recuperar o estado nutricional do paciente, nós fazemos um trabalho dedicado, com ênfase na educação nutricional à beira leito, a fim de alcançar e garantir uma boa adesão das estratégias nutricionais. Através da educação nutricional e incentivo dos nutricionistas do corpo clínico, garantimos, na maioria das vezes, uma boa aceitação da dieta”, relata.

Cuidados pós-alta hospitalar

Os pacientes que tiveram alta da enfermaria continuam sendo acompanhados no Ambulatório de Tuberculose do HSJ, que funciona às sextas-feiras, das 7h30 às 12h30. O serviço recebe, em média, 120 pessoas por mês e é especializado no atendimento de casos de coinfecção por HIV (quando o paciente tem HIV e tuberculose ao mesmo tempo), TB extrapulmonar e TB multirresistente.

No pós-alta, o paciente pode contar ainda com os atendimentos da equipe do Programa de Assistência Domiciliar (PAD), que proporciona, entre outros cuidados, adesão ao tratamento medicamentoso, orientação nutricional e reabilitação pulmonar para pacientes que não podem se locomover até o hospital.

Além de todos esses cuidados, o HSJ e o Hospital de Messejana (HM) integram o Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (Site-TB), ferramenta de vigilância dos casos com indicação do esquema especial de TB — quando o paciente possui comorbidades, reações adversas ou resistência aos medicamentos do esquema básico. O sistema também visa assegurar a adesão ao tratamento, possibilitando o acompanhamento de consultas e retiradas de medicamentos.

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