Nesse mundo moderno onde os seres humanos estão se deformando fisicamente diante dos smartphones, que manuseamos compulsiva e continuamente em nossas mãos, pouca ou nenhuma vez ousamos levantar os olhos para o horizonte e, de forma serena, nos oportunizamos ver as coisas mundanas mais profundamente.
Diuturnamente ouço e vejo que o “Brasil é o celeiro do mundo”. Brada-se aos quatro ventos que nós, brasileiros, tão desprezados pelas grandes potências mundiais, alimentamos o mundo. Oxalá isso fosse uma verdade absoluta. Infelizmente precisamos admitir que isso é apenas uma meia-verdade.
Os climas e os solos brasileiros podem sustentar diversas espécies agrícolas. O Brasil é campeão mundial em produção de diversas culturas de grãos. Porém, na maioria das vezes, o que a agricultura brasileira faz se resume em transformar insumos importantes, muitos deles externos, em produtos comestíveis para homens e animais.
A realidade desnuda demonstra que nós não somos autossuficientes em muitos insumos imprescindíveis para o crescimento e produção das plantas.
Os fertilizantes, especialmente os nutrientes nitrogênio, fósforo e potássio, encabeçam essa lista. Esses nutrientes correspondem a mais de 80% dos adubos que aplicamos nas lavouras, sendo que importamos acima de 90%, 70% e 50% da totalidade do potássio, nitrogênio e fósforo aplicados anualmente na agricultura brasileira, respectivamente.
Não há solução a curto prazo para a dependência de fertilizantes importados pela agricultura brasileira. Precisamos de políticas públicas para a exploração sustentável das jazidas de potássio e fósforo já prospectadas em território brasileiro e incentivos para a indústria nacional de fertilizantes nitrogenados.
Aos agricultores e técnicos, recomenda-se o uso de boas práticas agrícolas para aumentar ao máximo a eficiência de uso dos fertilizantes “dolarizados”.
Enquanto isso, seguimos orgulhosos transformando átomos químicos em comida saudável e nutritiva para a humanidade.
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