Segundo dados da Receita Federal, Teresina mais que dobrou o número de empresas ativas na última década: eram 46 mil em 2015 e, hoje, passam de 94 mil. O avanço é resultado do aumento do mercado consumidor, do ambiente favorável para negócios e de uma nova onda de empreendedores formais. Aos 173 anos, a capital mantém um ecossistema que une tradição e inovação, gerando renda, fortalecendo a identidade cultural e mostrando que há espaço para todos, dos negócios que atravessam gerações às ideias que acabam de nascer.
E por trás desses números, estão histórias como as de Dalvisangela Carvalho, que deixou Chapadinha (MA) para viver e empreender na capital com artesanato sustentável. Hoje, suas peças de eco-craft feitas com garrafas reaproveitadas de cajuína viajam para outros estados e até para fora do país. “A sustentabilidade é um pilar na nossa empresa e, dessa forma, a gente vai trazendo um pouco mais de economia circular aqui para o Piauí também”.
No Centro da cidade, tradição e empreendedorismo se encontram na Casa do Queijo, fundada na década de 1970 pelo seu Milton. Hoje, o filho José Luiz mantém viva a loja, que começou vendendo queijo e carne de sol e se reinventou. “Hoje temos uma variedade razoável de cachaças e licores, além de linguiça caseira, castanhas, um produto que tem muita procura”.
São produtos que despertam lembranças e reforçam vínculos afetivos com a cidade. A teresinense Solene Costa, que mora há 15 anos em Fortaleza, é um exemplo. Sempre que volta à capital piauiense, ela faz questão de levar na bagagem sabores que não encontra fora daqui. “Eu acho os produtos do Piauí melhores, como a cajuína, a rapadura e o doce de buriti, que lá não tem”, conta.
Esse apego aos sabores, símbolos e tradições da terra também inspira novos empreendimentos criativos. A dupla Ítalo e Marcelo decidiu transformar expressões e ícones piauienses em produtos que unem design e identidade cultural. Com estampas que homenageiam a jandaia do sol, o ipê e a cajuína, eles conquistam clientes locais e turistas. “Queremos exaltar a cultura piauiense e levar um pedacinho de Teresina para o mundo. É também um abraço para quem está longe e sente saudade”, afirma Ítalo.
Para a analista do Sebrae, Izabela Muller, o aumento no número de empresas em Teresina tem múltiplas causas. Entre elas, está o interesse crescente dos teresinenses em empreender de forma formalizada, aproveitando as facilidades para abrir e manter um negócio na cidade. “Com a pandemia e a crise, muitas pessoas apostaram mais no próprio potencial empreendedor, buscando transformar ideias em renda e autonomia”, explica.
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