O vereador Marcelo Correia (PP) pode ter o mandato na Câmara Municipal de Santos cassado por suposto financiamento ilegal de campanha, de acordo com ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).
O órgão alega que o dinheiro teria vindo do crime organizado, por meio de "laranjas", já que o irmão do parlamentar foi preso suspeito de ser o responsável pela expansão de uma facção criminosa para um estado no sul do país.
Primeiro mandato
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi ajuizada no fim do ano passado, quando o MPSP pediu ao Poder Judiciário a cassação do mandato de Marcelo Téo, como é conhecido.
De acordo com a investigação do Núcleo de Inteligência e Gestão de Conhecimento e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), o vereador recebeu, durante a sua campanha, recursos de pessoas sem lastro financeiro. Marcelo Téo foi eleito com 3.084 votos e está em seu primeiro mandato.
Marcelo é irmão de Moacir Levi Correia, o Bi da Baixada, preso em 2014. Bi é apontado como o líder do PCC que levou criminosos para atuar em Santa Catarina. Para o MPSP, a triangulação dos valores de doação entre os familiares do vereador é o motivo da suspeita, já que existe a ligação de pessoas próximas a ele com o crime organizado, de acordo com a apuração.
"Uma liderança de facção criminosa com forte atuação na Baixada Santista e seu irmão, já condenado por tráfico internacional de entorpecentes, financiaram a campanha", afirmou o MP no material oficial de divulgação. O nome da pessoa que tem a liderança citada não foi divulgado.
O irmão de Téo responde processo na Justiça Federal por lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Caixa Forte, deflagrada em 2020, na qual foram bloqueados centenas de milhões de reais.
"Para a instituição, a origem ilícita do financiamento eleitoral traz enorme risco para a sociedade", finaliza a nota do Ministério Público.
Defesa do vereador Marcelo Téo se pronuncia
Em nota, enviada ao Portal iG, o assessor jurídico do parlamentar alegou segredo de Justiça, e disse que Marcelo Téo “reafirma o compromisso com a legalidade e a transparência, ressaltando que confia na Justiça para apuração dos fatos”.
O documento alega ainda que, até o momento, não houve qualquer decisão definitiva que possa comprometer o mandato do vereador. “É prematuro e especulativo qualquer juízo de valor que não se baseie em provas cabais e devidamente analisadas pelo Poder Judiciário”, reitera o comunicado.
“A defesa do parlamentar enfatiza que ele sempre conduziu sua campanha dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação eleitoral e que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer ato que pudesse comprometer a lisura do processo eleitoral. Eventuais suspeitas lançadas sobre a origem de doações já foram devidamente esclarecidas no âmbito judicial, oportunidade na qual foram espontaneamente apresentados comprovantes de rendimentos e declarações do imposto de renda dos doadores, comprovando-se a regularidade da campanha”, aponta um trecho da nota.
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