Grandes grupos produtores do setor de etanol estão avaliando a importação de até 150.000 m³ de etanol anidro para o Nordeste nos próximos meses, segundo a consultoria Argus. A possibilidade torna-se particularmente atrativa para empresas beneficiadas por regimes fiscais de isenção de imposto de importação, ampliando sua competitividade em um cenário de déficit regional significativo na oferta do produto.
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que, em 2023, a produção de etanol anidro no Nordeste alcançou 1,07 milhão de m³, frente a um consumo de 2,5 milhões de m³, resultando em um déficit de 1,43 milhão de m³. Já entre janeiro e agosto de 2024, a produção somou apenas 321.000 m³, enquanto o consumo atingiu 1,7 milhão de m³, mantendo um déficit expressivo de 1,3 milhão de m³. Esse desequilíbrio reforça a necessidade de importar volumes adicionais para atender à demanda.
A maior parte das importações deve vir do Golfo americano, com envios escalonados previstos até março de 2025. A estratégia é sustentada pela tendência de queda nos preços do etanol norte-americano nos próximos meses, tornando a importação mais competitiva que a origem no Centro-Sul do Brasil, onde os custos do produto são mais elevados. Além disso, os Estados Unidos seguem como o principal fornecedor de etanol anidro para o Nordeste em 2024, seguidos pelo Paraguai.
A Argus destaca que, para empresas que precisam cumprir contratos na região, importar o produto pode ser a solução mais vantajosa economicamente. A combinação de déficit regional, preços competitivos do mercado internacional e benefícios tributários reforça a estratégia de importação, que deve moldar o mercado de combustíveis nordestino nos próximos meses.
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