
Especialista Eduardo Deschamps esclarece dúvidas de educadores cearenses sobre as mudanças curriculares e a implementação obrigatória até 2026
Uma parceria estratégica entre o Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) e a Escola de Gestão Pública do Estado do Ceará (EGPCE) viabilizou uma produtiva discussão sobre o Novo Ensino Médio (NEM), cuja implementação deve ser concluída nacionalmente até 2026. Para esclarecer educadores locais sobre a complexidade do tema e seus desdobramentos em sala de aula, os órgãos trouxeram ao Ceará o professor e consultor Eduardo Deschamps. A palestra foi realizada nesta quarta-feira (10), no auditório da Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag-CE), no Centro Administrativo do Cambeba, em Fortaleza.
Durante a ocasião, Deschamps defendeu a reformulação, ressaltando que ela visa alinhar o currículo do ensino médio no Brasil com as melhores práticas mundiais, atendendo aos anseios dos estudantes e às demandas da sociedade do século XXI. “Fazer alinhamentos curriculares são importantes para apontar caminhos para um ensino médio que seja mais atrativo, incentive mais o estudante à sua permanência na escola e, ao mesmo tempo, que faça mais sentido para ele seguir a sua trajetória pós-ensino médio, seja no mundo do trabalho ou numa carreira universitária”, avaliou o especialista.
Inicialmente, o consultor fez um breve histórico do processo de mudança do ensino médio brasileiro, que se estende por 12 anos e busca promover uma educação mais flexível e diversificada, adequada às necessidades contemporâneas.
Deschamps abordou as principais mudanças que se tornarão obrigatórias em 2026, destacando o aumento da carga horária da Formação Geral Básica (FGB) de 1.800 horas para 2.400 horas para alunos que não optarem pelo ensino técnico, mantendo a carga horária total de três mil horas ao longo dos três anos.

A reforma também garante a solidez da formação básica, determinando que disciplinas como história, biologia, português e matemática voltem a ser obrigatórias.
A grande novidade são os Itinerários Formativos (IFs), que permitem aos alunos escolherem entre diferentes áreas (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas) para personalizar sua formação. Cada escola deverá oferecer pelo menos dois IFs. No caso do ensino técnico, a distribuição das 3.000 horas será:
-2.100 horas: Componentes curriculares comuns (FGB).
-300 horas: Itinerário Formativo relacionado ao ensino técnico.
-Até 1.200 horas: Exclusivamente para o ensino técnico.
O consultor elogiou a recente Resolução nº 521/2025 do CEE, que institui as normas complementares para a organização e oferta do Ensino Médio e orienta a implementação dos IFs no Sistema de Ensino do Ceará. O documento estrutura o currículo de forma integrada, compreendendo a FGB (com aprendizagens essenciais) e os IFs (de livre escolha).
No tocante à Educação Digital, a resolução estabelece sua obrigatoriedade no Ensino Médio. Ela deve ser assegurada por componente curricular ou de forma transversal, contemplando: pensamento computacional; mundo e cultura digital (com ênfase no letramento digital); fundamentos de computação, programação e robótica.
O documento também prevê normas específicas para as comunidades indígenas (currículos bilíngues e interculturais) e para a Educação Escolar do Campo (currículos adequados à valorização da identidade local).
Após a explanação, Deschamps respondeu a perguntas da plateia, sublinhando que o principal objetivo da reformulação é o desenvolvimento do pensamento crítico, habilidade essencial para a análise, avaliação de argumentos e a formação de opiniões fundamentadas.
Deschamps ainda alertou sobre o “apagão” de professores no país, que pode impactar a efetivação do NEM. Ele defendeu uma reestruturação na formação dos docentes pelas universidades, com maior foco na licenciatura, a fim de suprir a demanda.
Representante do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação e Ensino da Livre Iniciativa do Estado do Ceará (Sinepe-CE), o professor José Lima de Carvalho Rocha elogiou a iniciativa, mas ressaltou a necessidade de continuidade: “Ainda são necessárias novas discussões para melhor entendimento de todas essas mudanças. É muita coisa acontecendo simultaneamente e não queremos iniciar o novo ano letivo de forma errada”.
A presidente do CEE, professora Ada Pimentel, destacou o “grande sucesso” do evento, notando o auditório lotado de educadores focados em aprimorar a qualidade da educação no Ceará.
“Foi muito bom observar educadores focados em aprender mais sobre o NEM, além de apresentarem suas inquietações relacionadas ao tema, sempre com o desejo de aprimorar a qualidade da educação no Ceará, preparando os jovens, adequadamente, para o mercado de trabalho e para a sua vida acadêmica”, afirmou a gestora, agradecendo a parceria com a EGPCE e a Seplag-CE.

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