
A arrecadação total de tributos federais atingiu R$ 261,9 milhões em outubro, o maior valor já registrado para o mês. O resultado representa crescimento real de 0,92% em relação a outubro do ano passado. No acumulado de janeiro a outubro, a receita chega a R$ 2,4 trilhões, alta real de 3,2% frente ao mesmo período de 2024.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (24) pela Receita Federal, em Brasília. “Importante observar que se trata do melhor desempenho arrecadatório, tanto para outubro quanto para o período acumulado”, afirmou a instituição.
Os valores se referem a tributos federais, como Imposto de Renda de pessoas físicas e empresas, receita previdenciária, Imposto sobre Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), PIS/Cofins, entre outros. Arrecadação com royalties e depósitos judiciais, que não são apurados pela Receita Federal, também entram na conta.
O IOF somou R$ 8,1 milhões em outubro, avanço de 38,8% na comparação anual. “Esse desempenho pode ser justificado pelas operações relativas à saída de moeda estrangeira e pelas operações de crédito destinadas a pessoas jurídicas, ambas decorrentes de recentes alterações na legislação”, cita a Receita.
O órgão lembrou que o governo elevou a cobrança do IOF sobre algumas operações de crédito em junho, por meio do Decreto 12.499/2025, medida que foi posteriormente derrubada.
Outro tributo que se destacou foi o IRRF-Capital, cuja arrecadação chegou a R$ 11,6 milhões, alta real de 28,01% sobre outubro de 2024. O desempenho está ligado ao lucro em aplicações de renda fixa e ao pagamento de Juros sobre Capital Próprio.
Crescimento perde força
Apesar do recorde no acumulado do ano, o ritmo de crescimento da arrecadação vem diminuindo. Em julho, a alta era de 4,41%, mas o percentual caiu mês a mês, chegando aos atuais 3,2%.
Para Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, o movimento reflete a desaceleração da economia.
“A gente continua crescendo, porém a taxas decrescentes, a taxas menores”, disse.
Ele explica que o resultado já era esperado, conforme projeções do Ministério da Fazenda e do mercado. “Já se previa uma certa contração na atividade econômica”, afirma Malaquias, que chama atenção para a resiliência de alguns fatores, como o setor de serviços e a massa salarial dos trabalhadores.
Juros altos ajudam a frear atividade
A perda de ritmo está diretamente ligada à política monetária do Banco Central. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, maior nível desde 2006. O juro elevado é usado para conter a inflação, que em outubro acumulava 4,68% em 12 meses, ainda acima da meta, mas em queda.
“A arrecadação tributária é um dos termômetros da atividade econômica. Quando a arrecadação vai bem, a gente costuma dizer que a atividade econômica, responsável pela maior parte do resultado da arrecadação, também está indo bem”, conclui Malaquias.
Arrecadação com apostas dispara
O maior salto do mês veio das casas de apostas virtuais (bets). A arrecadação do setor cresceu quase 10.000% em outubro de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024.
A diferença é explicada pela regulamentação das plataformas, que passou a valer somente em 2025. Em outubro de 2024, o setor pagou R$ 11 milhões em tributos; um ano depois, o valor saltou para R$ 1 bilhão.
No acumulado de janeiro a outubro, a arrecadação foi de R$ 8 bilhões, avanço superior a 16.000% frente aos R$ 49 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.
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