Motociclistas de aplicativos são presos por fraudes em corridas na Grande Fortaleza

Quinze motociclistas de aplicativos foram presos em flagrante no último domingo (17) suspeitos de aplicar golpes para aumentar artificialmente os preços das corridas nas plataformas 99 e Uber. A operação foi detalhada em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (18), no Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), em Fortaleza.

As prisões ocorreram no Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), depois que um motociclista que não fazia parte do esquema denunciou ter sido ameaçado ao tentar trabalhar na área.

De acordo com o delegado Josafat Filho, o grupo se reunia em pontos estratégicos e de difícil acesso para manipular o funcionamento dos aplicativos. “Todos eram obrigados pelo líder da associação criminosa a desligar os apps, criando artificialmente a elevação dos preços”, explicou.

Como funcionava o esquema

A investigação revelou duas principais formas de fraude:

• Corridas falsas: perfis falsos ou de terceiros eram usados para solicitar viagens inexistentes, aumentando a tarifa dinâmica da região.

• Pedidos simulados: corridas curtas eram feitas e recusadas pelos comparsas, até que um integrante aceitasse, garantindo bonificações oferecidas pelas plataformas.

Alguns suspeitos já estavam banidos da 99, mas continuavam atuando ao criar novos cadastros em nomes de terceiros ou migrar para outros aplicativos. Há também registros de motoristas que usavam motos diferentes das cadastradas ou até se passavam por outra pessoa durante as viagens.

Atuação na Região Metropolitana

Segundo a Polícia Civil, os criminosos preferiam atuar em municípios da RMF, como Aquiraz e Cascavel, onde o menor número de usuários e motoristas facilitava o controle do mercado e a exclusão de concorrentes. “Em Fortaleza é mais difícil, devido à demanda e à quantidade de profissionais circulando. Já nas cidades menores, eles conseguem controlar melhor o fluxo e até afastar outros trabalhadores”, destacou o delegado.

Crimes e penas

Os detidos foram autuados por extorsão, associação criminosa e crimes contra a ordem econômica. Somadas, as penas podem ultrapassar 20 anos de prisão.

O grupo já estava sendo investigado por práticas semelhantes em Cascavel, e a polícia não descarta a participação de motoristas de carro de aplicativo em esquemas semelhantes.