A Câmara Municipal de Vereadores de Igarapé Grande, a cerca de 311 km de São Luís, aceitou o pedido de licença médica do prefeito João Vitor Xavier (PDT), que assumiu ter matado a tiros o policial militar Geidson Thiago da Silva, no município de Trizidela do Vale, no último domingo (6).
A decisão aconteceu em sessão ocorrida na manhã desta quarta-feira (9), quando também foi empossada a vice, Maria Etelvina.
Após o crime, o prefeito João Vitor pediu a licença médica para cuidar de sua defesa e para 'tratamentos psiquiátricos'. O afastamento é pelo período de 125 dias (pouco mais de quatro meses), podendo ser interrompido com seu retorno a qualquer momento. Durante a licença, João Vitor vai continuar recebendo mensalmente o salário como prefeito, de R$ 13.256,08 (líquido).
No documento, o prefeito alega que está "profundamente abalado (...), circunstância que demanda cuidados médicos específicos, sobretudo por ser um paciente bariátrico", disse.
O prefeito responde pelo crime em liberdade. A Polícia Civil pediu à Justiça que ele seja preso preventivamente, mas o pedido ainda não foi avaliado pela Justiça.
Na última segunda (7), após estar sendo procurado pela polícia, João se apresentou espontaneamente na Delegacia de Presidente Dutra, prestou depoimento e foi liberado.
Segundo o delegado Ricardo Aragão, superintendente de Polícia Civil do Interior, João não foi mantido preso porque não havia flagrante. Se for levado a julgamento, João Vitor Xavier, também deverá ser julgado em tribunais superiores, já que possui foro privilegiado.
O que diz a defesa
A defesa do prefeito alega que João agiu em legítima defesa, pois o policial militar teria sacado uma arma durante uma discussão relacionada ao farol ligado do carro do prefeito. No entanto, de forma preliminar, testemunhas e a Polícia Civil contestam essa versão.
“Foram cerca de cinco tiros, provavelmente todos pelas costas. O corpo da vítima foi encaminhado para o IML de Timon, para perícia”, afirmou o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, ao g1.
No depoimento prestado à Polícia Civil, João afirmou que jogou a arma no local do crime, mas o armamento ainda não foi encontrado. Imagens de uma câmera de segurança (veja abaixo), registradas no dia do crime, também não mostram o prefeito descartando a arma em nenhum ponto da cena.
Em relação à posse da arma, João afirmou que o revólver calibre .38, utilizado no crime, havia sido adquirido há dois anos, como um presente de um eleitor. O prefeito também declarou que a arma não possuía registro nem autorização para posse.
Segundo testemunhas, o crime ocorreu durante uma vaquejada, quando o policial militar e o prefeito se desentenderam após o PM pedir que João reduzisse a intensidade dos faróis do carro, pois a luz estaria incomodando as pessoas presentes no local.
Uma das imagens coletadas pela polícia mostra um homem, que seria o prefeito João Vitor, se dirigindo até um carro preto, de onde parece pegar um objeto. Em seguida, ele caminha em direção a um grupo de pessoas, onde há uma aglomeração e, por fim, corre de volta ao veículo e vai embora.
De acordo com o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, as imagens foram registradas no local da vaquejada onde estavam o policial militar e o prefeito. Embora não mostrem o momento exato do crime, há a suspeita de que o prefeito tenha efetuado os disparos enquanto o policial estava de costas, e depois fugido do local. Segundo a polícia, as imagens ainda passarão por perícia.
Relatos de testemunhas também indicam que houve uma confusão durante o evento, na qual o prefeito João Vitor Xavier teria sacado uma arma e efetuado disparos contra o policial, conhecido como "Dos Santos", que estava de folga.
O PM ainda chegou a ser socorrido e levado a um hospital em Pedreiras, mas devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para uma unidade com mais estrutura. No entanto, ele não resistiu e morreu durante o atendimento. O policial era lotado no 19º Batalhão de Polícia Militar. Ele foi sepultado nesta terça-feira (8).
Após o crime, a polícia tentou localizar o prefeito, mas não o encontrou. Testemunhas do crime ainda estão sendo ouvidas pela Polícia Civil e outras provas devem ser analisadas.
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