O Hospital São José (HSJ), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), promoveu, na última quarta-feira (6), a 16ª Jornada Científica da instituição. O evento integrou o 7º Congresso Cearense de Infectologia, realizado entre os dias 6 e 8 de novembro, e pautou assuntos relevantes para a unidade hospitalar, como a assistência às pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), resistência antimicrobiana, doenças imunopreveníveis e pesquisa em doenças infecciosas.
Para a diretora técnica do HSJ, Ruth Araújo, o evento é de grande relevância para a instituição, pois promove a atualização e o aprimoramento contínuo dos profissionais de saúde. “Essa jornada proporciona um espaço para a troca de conhecimentos, experiências e práticas, contribuindo não apenas para o desenvolvimento profissional, mas também para a melhoria da qualidade do atendimento aos pacientes”, frisou.
Na palestra “Da revelação ao enfrentamento criativo e saudável: combatendo estigmas e preconceitos”, a psicóloga do HSJ, Simone Lima, destacou a importância da sensibilidade ao dar a notícia do diagnóstico do HIV, pontuando que o emissor é a pessoa mais importante no processo comunicativo. “Quanto mais vocês sabem sobre o HIV — como se trata e como se cuida da pessoa na sua integralidade, mais vocês vão conseguir ser humanos na hora da revelação”, enfatizou.
O combate a estigmas e preconceitos contra pessoas vivendo com HIV/aids foi abordado pela psicóloga do HSJ, Simone Lima
Já a enfermeira do HSJ, Edilenir Fernandes, dissertou sobre a administração correta da terapia antirretroviral em pacientes internados, ressaltando a importância de realizar o acolhimento ao paciente considerando, principalmente, a sua situação social. “Recebemos muitos pacientes em situação de vulnerabilidade, que chegam carentes de informações para dar continuidade ao tratamento. Mas, observando suas necessidades pessoais, nós conseguimos fazer uma adesão positiva”, relatou.
De acordo com a farmacêutica Thaís Galvão, que palestrou sobre as interações medicamentosas e a assistência farmacêutica às pessoas vivendo com HIV/aids, todos os profissionais da assistência são capazes de identificar potenciais interações medicamentosas. “A Psicologia, a Nutrição e a Enfermagem, por exemplo, conseguem identificar essas situações e trazê-las para a Farmácia”, partilhou.
Outro assunto abordado durante o evento foi a execução do Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos no HSJ. A metodologia é recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e visa otimizar o uso de antimicrobianos nos serviços de saúde, além de diminuir custos desnecessários com assistência à saúde.
Os farmacêuticos Jardel Oliveira e Zayra Hellen e a infectologista Evelyne Girão apresentaram palestras sobre o gerenciamento de antimicrobianos
“Se nós continuarmos nesse aumento exponencial de bactérias multirresistentes, a previsão da OMS é que, em 2050, teremos cerca de dez milhões de óbitos causados por bactérias multirresistentes”, alertou a infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do HSJ, Evelyne Girão. A médica apontou ainda que a resistência antimicrobiana não está presente só no ambiente hospitalar. “Sabemos que a agropecuária utiliza antibióticos para crescimento dos animais, e nós acabamos consumindo isso, além do uso extensivo de antimicrobianos nos ambulatórios e ambiente hospitalar”, pontuou.
No universo da Infectologia, grande parte das doenças podem ser facilmente prevenidas com a imunização. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) conta com mais de 50 imunobiológicos, entre vacinas, soros e imunoglobulinas, todos disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tema foi pautado na Jornada Científica do HSJ.
“Às vezes, nos deparamos com questionamentos sobre por que na rede privada há um tipo de esquema, enquanto na rede pública há outro. Tudo isso é discutido dentro de um Comitê Técnico Assessor de Imunizações, que faz todo esse processo de alinhamento para indicar um imunobiológico para o Calendário de Vacinação”, explicou Ana Karine Borges, coordenadora de Imunização da Sesa.
A importância da vacinação para a população e os trabalhadores da saúde foi destacada durante a 16ª Jornada Científica do HSJ
Segundo a enfermeira e supervisora da Residência Multiprofissional do HSJ, Georgiana Álvares, todos os trabalhadores que estão inseridos nos serviços de saúde — seja na Nutrição, no Serviço Social ou nos Serviços Gerais, por exemplo — devem se vacinar conforme calendário vacinal específico. “Nós, profissionais, além de protegermos o paciente, também devemos ficar de olho na nossa situação vacinal. Há vacinas que requerem reforço e, às vezes, esquecemos, como é o caso da vacina dTpa (contra difteria, tétano e coqueluche), que exige dose de reforço a cada dez anos”, salientou.
A programação do evento contou ainda com palestras sobre as pesquisas em doenças infecciosas. A infectologista e coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HSJ, Lisandra Damasceno, abordou o tema sob a perspectiva da ética das pesquisas envolvendo seres humanos.
A infectologista Lisandra Damasceno fez um resgate histórico do Comitê de Ética em Pesquisa do HSJ, que celebra 25 anos em 2024
De acordo com a médica, o CEP tem como foco assegurar os direitos, a segurança e o bem-estar dos participantes de pesquisa, principalmente aqueles em situação de vulnerabilidade. “A pessoa precisa saber o que vai ser feito com ela. Por isso, muitas vezes o projeto volta para ser ajustado, até que nós vejamos que aquela metodologia está de forma clara e objetiva, que as pessoas vão conseguir entender”, afirmou.
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