A oficina Turbante Africano foi um dos pontos altos que marcou a programação da Mostra de Arte e Cultura Afro-brasileira, realizada pelo Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Lourival Parente, na zona sul de Teresina, que encerrou nesta segunda-feira (27). A ação envolveu ainda aulas de capoeira, oficinas de teatro, música e dança, além de apresentações artísticas sobre a cultura negra e reforçou a luta contra o racismo.
Uma das alunas do curso de turbante, Rutiele Brito, contou que se sentiu empoderada e mais bonita quando usou o adereço que aprendeu a fazer durante a Mostra.
“Foi uma experiência nova, eu nunca tinha usado um turbante. Quando coloquei o turbante, senti que ele realçou minha beleza e me senti parte de uma cultura, me senti mais próxima da identidade africana. Em seguida, eu e as demais alunas e professoras fizemos um desfile pela escola com o turbante, foi muito legal”, ressaltou a estudante.
A professora Leninha Sousa, que ministrou o curso, enfatizou a representatividade do turbante, que é muito mais do que uma peça de roupa.
“O turbante carrega significados culturais, históricos e individuais, sendo um símbolo de identidade e resistência. Usá-lo é uma maneira de reconectar-se com as raízes africanas. Isso representa muito para nós porque, durante a história, muito da identidade cultural negra foi perdida ou desvalorizada”, completou.
A diretora do Centro Educacional, Jocielma Magalhães, explica que a cultura, os valores e os costumes africanos possuem ampla riqueza e devem ser promovidos no ambiente escolar na busca pela representatividade e na promoção da educação antirracista.
“Durante o mês do ‘Novembro Negro´, focamos em desenvolver atividades que demonstrassem aos estudantes a diversidade da cultura afro. Os trabalhos escolares desenvolvidos abordaram temáticas como identidade negra, expressões culturais e religiosas, discriminação e equidade racial, resistência e empoderamento. Além disso, tivemos as oficinas, apresentações culturais e atividades em sala de aula”, enumera a diretora.
Apesar de ter uma temática central, a mostra desenvolveu atividades interdisciplinares, integrando diferentes componentes curriculares. Na disciplina de Matemática, por exemplo, a professora Helinalda Alves de Sousa trouxe a perspectiva dos jogos africanos, uma forma lúdica de explorar as regras, curiosidades e os conhecimentos matemáticos do povo negro.
“O racismo estrutural, que ainda impera no Brasil, difunde uma falsa ideia de que as pessoas negras são menos inteligentes ou menos capazes de produzir conhecimento. Em nossa disciplina, os estudantes pesquisaram sobre os jogos originados em países africanos e que são pouco conhecidos no Brasil. São jogos de tabuleiro que exigem alto nível de concentração e conhecimentos prévios de raciocínio lógico-matemático”, explicou a professora.
"A busca pela igualdade racial é um compromisso que foi estabelecido no plano de Governo do governador Rafael Fonteles e a educação é uma das áreas prioritárias. Uma dessas ações é a promoção do ensino da história africana e afro-brasileira entre os componentes curriculares”, esclarece o gestor.
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