O setor de piscicultura no Brasil tem registrado crescimento acelerado, impulsionado por uma combinação de fatores econômicos, ambientais e sociais. De acordo com dados da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o cultivo de pescados no país registrou um salto de 53,25% nos últimos 10 anos, passando de 578 toneladas para 887 toneladas no período.
A criação de peixes de água doce como a tilápia, por exemplo, consolidou-se como um dos segmentos mais promissores do agronegócio nacional, colocando o país como o quarto maior produtor de tilápia do mundo, atrás de China, Indonésia e Egito.
Do total de peixes cultivados em cativeiro, a espécie participou com 579.080 toneladas (65,3% do total), os peixes nativos contribuíram com 263.479 toneladas (29,7% do total) e as outras espécies (carpa, truta e pangasius) atingiram 44.470 toneladas (5% do total).
Segundo o piscicultor José Miguel Saud Morheb, o crescimento exponencial da produção de peixes cultivados, como a tilápia e o tambaqui, tem contribuído de forma significativa para a geração de emprego, renda e para o desenvolvimento regional.
“Com um impacto direto na economia de pequenos e grandes produtores, a aquicultura fortalece cadeias produtivas em diversas regiões do país e amplia as oportunidades de negócios, tanto no mercado interno quanto no externo”, avalia o especialista.
O levantamento aponta, ainda, que as exportações também cresceram. Só no ano passado o país comercializou 6.815 toneladas de peixes de cultivo – com liderança expressiva da tilápia – e receita de US$ 24,7 milhões. Esse resultado é 4% superior ao obtido em 2022.
A tilápia e seus produtos representaram 94% da exportação da piscicultura brasileira em 2023, totalizando US$ 23,3 milhões. O tambaqui foi a segunda espécie mais exportada, tendo como maior destino o Peru (71% do total). Rondônia foi o principal exportador.
Sustentabilidade como foco
Com a crescente preocupação ambiental, o setor de piscicultura no Brasil também tem investido em práticas mais sustentáveis por meio do uso eficiente de recursos hídricos, melhor controle da qualidade da água e a busca por sistemas integrados de produção.
“A adoção de tecnologias de ponta, como sensores para monitoramento de parâmetros ambientais e a automação de processos, também têm contribuído para o aumento da eficiência e redução dos impactos ambientais”, destaca Morheb.
Estação quente aumenta a procura
De acordo com o piscicultor, o período de maior faturamento no setor ocorre tradicionalmente durante o verão, entre os meses de dezembro e março. Durante o período, o clima mais quente e o aumento das chuvas favorecem a rápida reprodução e crescimento dos peixes, resultando em uma maior disponibilidade de produto para o mercado.
“O consumo de pescados tende a aumentar devido às altas temperaturas, que incentivam a ingestão de alimentos mais leves e saudáveis, como peixes. Outro momento de alta no faturamento ocorre durante a Semana Santa, geralmente entre os meses de março e abril”, ressalta Morheb.
O especialista completa, ainda, dizendo que, além da tilápia, o tambaqui é um dos peixes mais solicitados entre os consumidores. “A espécie é um ícone da Amazônia. Sua carne suculenta e de sabor marcante tem conquistado paladares por todo o Brasil, com especial destaque para as regiões Norte e Centro-Oeste”.
Para saber mais, basta acessar: José Miguel Saud (josemiguelsaud.com.br)
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