Casa, transporte próprio, comida na mesa à vontade e qualidade de vida. Há cerca de 10 anos, esse passou a ser o cenário da comunidade Ave Verde, na zona rural de Teresina, no Piauí. Graças a programas de governo como o Bolsa Família, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa de Alimentação Saudável (PAS), a vida dos agricultores familiares do local é diferente do que era comum na zona rural do Brasil.
Embora o Bolsa Família seja necessário para tirar as famílias da situação emergencial de pobreza, o que fez a comunidade Ave Verde evoluir foi o acesso às políticas públicas de compra de alimentos produzidos pela comunidade. Com os programas PNAE, PAA e PAS, os agricultores produzem com a venda garantida e o dinheiro é usado para adquirir bens, antes raros às famílias rurais, como eletrodomésticos, motocicletas, casa própria, e o mais importante, segurança alimentar.
O sucesso das políticas públicas alinhado ao trabalho realizado na Ave Verde foi apresentado às delegações da Força-Tarefa do G20, que conheceram, in loco, como os programas de combate à fome funcionam no estado. Em Teresina, 52 delegações internacionais discutiram, durante três dias, propostas para soluções, em âmbito mundial, de diversos temas, dentre eles, o combate à fome e à pobreza.
Na comunidade da zona rural de Teresina, 90% a 95% das 15 mil toneladas de hortaliças e grãos produzidos pelas 37 famílias por ano são vendidas aos três programas públicos (PNAE, PAA e PAS). O restante é comercializado para empresas privadas ou consumido pela própria comunidade.
“Antigamente a gente produzia para consumo. Agora a gente já tem a produção para nós e para a venda. Isso trouxe melhoria para nossas famílias, nossas casas e uma renda maior. As famílias hoje têm uma qualidade de vida maior e bens que não tinham condição de comprar antes”, afirma Raimundo Nonato, presidente da Associação dos Produtores Rurais da Ave Verde.
Adriana Maria é uma das moradoras mais antigas. Ela chegou à comunidade em 2001. Na época, seu marido trabalhava apenas por diária. “Tinha dia que tinha serviço, dia que não tinha”, lembra a trabalhadora rural.
A situação começou a melhorar quando ela começou a ter sua horta e, com a associação, a vender para órgãos públicos, por meio de editais de chamamento. “A gente foi juntando dinheiro, e fizemos nossa casa. Depois mobiliamos. Mais para frente, comprei uma moto para mim”, afirma Adriana, que chega a lucrar R$ 3.500 por mês nos meses melhores, só com sua horta. Seu marido, segundo conta, tira uma média de R$ 2 mil com plantação de milho, feijão, macaxeira, abóbora e melancia.
O agricultor Francisco Pinheiro da Silva está na comunidade há 12 anos e conta que antes era comum não ter todas as refeições no dia. “A gente não escolhia o que comer. Hoje, eu decido o que vou comer. Além disso, temos geladeira, fogão, televisão”, afirma ele, que planta cebola, coentro, alface, e pimentinha. “Antigamente, a gente tinha que ficar esperando um ou outro comprar. Hoje não precisa. A gente produz sabendo que tem comprador”, comemora o produtor.
Irrigação, tratores e caminhão facilitam a produção
A comunidade recebe apoio e capacitação constante da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do Estado do Piauí, como distribuição de sementes e de mudas, assistência e elaboração de projetos para participarem dos chamamentos públicos.
Além disso, a área é toda irrigada e a comunidade possui tratores e até caminhão, adquiridos com recursos de emenda parlamentar. Isso facilita muito a produção. “Os programas governamentais ajudam muito o agricultor, dão muita tranquilidade”, afirma Liz Meireles, diretora de Agricultura Familiar da SAF. “Esses programas têm todas as condições de promover o desenvolvimento e podem ser replicados em qualquer lugar do mundo”, finaliza a gestora.
O negócio é tão bom que a comunidade já está estudando ampliar a área plantada para 18 hectares. E cerca de outros 40 agricultores já manifestaram interesse em participar e aderir à associação.
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