A segurança das instalações de energia solar fotovoltaica tem ganhado cada vez mais atenção no Brasil, especialmente diante dos casos de incêndios associados a esses sistemas. Entre os componentes frequentemente mencionados nessas ocorrências está a String Box, uma caixa de proteção que contém dispositivos de proteção, como disjuntores, fusíveis, chaves seccionadoras e os Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS).
Segundo a norma ABNT NBR 16690, que estabelece os requisitos para projetos de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, a String Box, tecnicamente chamada de "caixa de junção", é o local onde módulos fotovoltaicos são conectados e o local indicado para instalação dos dispositivos de seccionamento e proteção. Na prática, é ela quem conecta os módulos à parte de corrente contínua do sistema e, em seguida, ao inversor, que também pode ser danificado, se não estiver protegido corretamente.
Na avaliação de especialistas, a origem de muitos incêndios atribuídos à String Box não está no equipamento em si, mas sim na forma como ele é instalado. Douglas Lara, engenheiro eletrônico e coordenador de Engenharia de Aplicação da CLAMPER, explica que uma das causas mais comuns desses incidentes é o arco elétrico, um fenômeno que, comumente, ocorre quando há conexões malfeitas. Como os sistemas fotovoltaicos operam em corrente contínua, esses arcos tendem a ser mais intensos e difíceis de extinguir, aumentando o risco de aquecimento excessivo e combustão.
As falhas que levam ao arco elétrico, muitas vezes, estão relacionadas à má execução das conexões aos terminais da String Box. Quando os cabos não são devidamente conectados aos bornes dos dispositivos ou quando há uso de conectores de baixa qualidade, o sistema se torna vulnerável ao surgimento de pontos de calor. Nessas condições, a combinação de condutores de má qualidade, esforços mecânicos mal controlados e a própria corrente contínua podem criar um cenário propício para o início de um incêndio.
Renato Teixeira, engenheiro eletricista e supervisor de Engenharia de Aplicações da CLAMPER, destaca que além dos pontos citados, a inobservância ao grau de proteção (IP), especialmente em ambientes sujeitos à umidade, poeira e intempéries, expôe o equipamento, provocando falhas prematuras. De acordo com a NBR 16690, o grau de proteção mínimo recomendado para instalações em ambientes externos é IP55.
Outro fator crítico é a organização e torção dos cabos dentro da String Box. Condutores dispostos de forma desordenada, com curvaturas forçadas ou cruzamentos excessivos, submetem os bornes a esforços desnecessários e reduzem a vida útil dos componentes. Ainda segundo Diogo Xavier, muitos desses problemas poderiam ser evitados com a adoção de conectores como os prensa-cabos, que asseguram conexões firmes e reduzem o risco de afrouxamento ao longo do tempo.
Diante de todos esses pontos, os especialistas reforçam que a String Box é, na verdade, um aliado da segurança, desde que instalada corretamente e com os devidos cuidados técnicos. Para isso, é fundamental que os instaladores estejam atualizados com as normas técnicas, utilizem componentes certificados e atentem-se às orientações dos manuais dos fabricantes.
Para apoiar os profissionais do setor, foi desenvolvido o documento Boas Práticas de Instalação que reúne recomendações práticas para minimizar erros de instalação, garantir segurança e a longevidade do sistema fotovoltaico, que não dispensa a leitura do manual de instalação do produto.
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