As Festas Juninas já estão a todo vapor nos quatro cantos do Brasil. As celebrações de junho são uma das representações culturais brasileiras mais tradicionais e homenageiam santos da Igreja Católica. E mesmo que muita gente que participe dos festejos não seja religioso, a origem das festas está ligada às tradições católicas.
Por conta da influência européia na formação cultural do Brasil durante o período colonial, as celebrações do Velho Mundo foram incorporadas ao calendário festivo por aqui para homenagear três santos populares: Santo Antônio, São João e São Pedro, celebrados respectivamente nos dias 13, 24 e 29 de junho, como explica o artigo “Festas Juninas: Origem e Celebração” da Universidade de São Paulo (USP).
O primeiro santo a ser comemorado nas Festas Juninas é Santo Antônio, querido por boa parte da população justamente por uma alcunha que ganhou com o tempo: a de “santo casamenteiro”. Tanto que se tornou comum pessoas católicas – ou não – pedirem ajuda a ele para achar um companheiro através de rezas, promessas e até simpatias das mais curiosas.
Qual é a história de Santo Antônio?
Santo Antônio, cujo nome real era Fernando Martins de Bulhões, nasceu por volta de 1195 em Lisboa, Portugal – e faleceu no dia 13 de junho de 1231 em Arcella, Verona, na Itália.
Nascido em uma família nobre, ingressou ainda jovem no mosteiro agostiniano de São Vicente de Fora, onde estudou teologia e filosofia. Mais tarde, transferiu-se para o mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, segundo conta a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido).
Em 1220, Fernando ficou profundamente impactado pelo martírio de missionários franciscanos no Marrocos. Inspirado pelo exemplo desses religiosos, ele decidiu juntar-se à Ordem Franciscana no país africano e, então, adotou o nome Antônio. Sua intenção era pregar a fé católica no Norte da África, mas por conta de uma doença o obrigou a retornar à Europa, de acordo com a fonte inglesa.
No caminho de retorno devido a uma tempestade, o navio foi arrastado para a Sicília, na Itália, e Antônio permaneceu ali por dois anos, como explica o site oficial do Vaticano. Por causa de sua saúde frágil, ele não pode continuar como missionário na ilha italiana.
Em vez disso, lecionou teologia nas cidades de Bolonha, também na Itália, e em Montpellier, Toulouse e Le Puy-en-Velay, no sul da França. Sua pregação também o levou à cidade italiana de Pádua, onde se acredita que ele tenha fundado uma comunidade franciscana, afirma a Britannica.
Ele também fez algumas longas viagens à Pádua e, justamente quando estava à caminho da cidade, em 1231, faleceu no dia 13 de junho, aos 36 anos – data que se tornou o dia em que é homenageado até hoje. Antônio foi sepultado em Pádua, na pequena capela de Santa Maria Mater Domini. Foi santificado em menos de um ano da sua morte, em 1232. Sua habilidade em explicar a fé de forma clara e comovente lhe rendeu o título de "Doutor da Igreja" (em 1946), diz o site do Vaticano.
Por que Santo Antônio é conhecido como “santo casamenteiro”?
Apesar de ser o autor de sermões bem conhecidos dentro do catolicismo e ter tido vários milagres atribuídos a ele, Santo Antônio ficou realmente “famoso” por outra alcunha, a de “santo casamenteiro”. Tanto que no Brasil até ajudou a influenciar a data escolhida para o Dia dos Namorados, que é comemorado um dia antes da celebração do santo, em 12 de junho.
Porém, a fama de “santo casamenteiro” é mundialmente conhecida, revela o site oficial do Vaticano. “Essa popularidade surgiu porque Antônio ajudava as mulheres que não conseguiam se casar por falta de dote (valor que era dado pela família da mulher ao futuro esposo na época)”. Ele recorria à generosidade das pessoas para colaborar financeiramente com essas mulheres a realizarem o sacramento do matrimônio, mostrando sua sensibilidade às dificuldades do povo, afirma o artigo “Santo Antônio: devoção, missão, milagres e tradições”, do Vatican News.
Essa fama tem atraído a devoção, os pedidos e as promessas de milhares de pessoas à Santo Antônio. Além disso, há um costume em Portugal de realizar vários casamentos no dia do santo.
Já no Brasil, em algumas Festas Juninas há a tradição do “bolo de Santo Antônio”, que segundo a lenda popular, traz mais chances de encontrar um parceiro para quem come da iguaria, conta o site da ordem dos Franciscanos. Se a fama é verdadeira ou não é difícil afirmar, mas o santo segue sendo celebrado nas festas país afora.
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