Um caso chocante de homicídios em série por envenenamento abalou a cidade de Parnaíba, no litoral do Piauí. Oito pessoas da mesma família morreram em um período de cinco meses, e as investigações apontam que os crimes foram planejados pela matriarca, Maria dos Aflitos, e seu companheiro, Francisco de Assis, padrasto das vítimas. Ambos estão presos e aguardam o desfecho do inquérito policial.
De acordo com o delegado Abimael Silva, que concedeu entrevista ao programa *Domingo Espetacular*, da Record, o principal motivo dos crimes seria a dificuldade financeira da família. Os dois planejaram eliminar os familiares para reduzir as despesas e ficarem sozinhos. “Ele dizia abertamente que não queria os filhos dela lá, e esse relacionamento os manteve bem próximos”, explicou o delegado.
Os crimes e o método utilizado
As investigações revelaram que os dois agiram de forma premeditada em todos os casos. O primeiro crime teria sido um “ensaio” para testar o método de envenenamento. Duas crianças, Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos, foram intoxicadas com veneno misturado ao suco que consumiram. Inicialmente, os suspeitos tentaram culpar uma terceira pessoa, Lucélia Maria da Conceição, que chegou a ser presa, mas foi liberada após exames descartarem a contaminação dos alimentos.
No segundo caso, o veneno foi colocado em peixes doados à família. Já no terceiro, Maria Jocilene da Silva, de 41 anos, foi envenenada ao beber café em uma taça preparada por Maria dos Aflitos. A vítima começou a passar mal e faleceu pouco depois. Segundo o delegado, a matriarca planejou culpar Maria Jocilene pelos crimes, mas a rápida ação da polícia impediu que o plano fosse concluído.
Contradições e detalhes macabros
Durante as investigações, a polícia identificou contradições nos depoimentos de Maria dos Aflitos e Francisco de Assis. Ambos tentaram desviar a atenção das autoridades, culpando terceiros pelos crimes. Além disso, Francisco chamou a atenção por seu interesse em temas sombrios. Em sua casa, foram encontrados livros sobre nazismo, incluindo um intitulado *Médicos Malditos*, que detalha experimentos com venenos realizados por médicos durante a Segunda Guerra Mundial.
“Ele grifou trechos específicos sobre como encobrir crimes usando substâncias sem cheiro ou gosto, como o Terbufós, o mesmo veneno utilizado nos homicídios”, destacou o delegado. Familiares e conhecidos de Francisco relataram que ele se autodenominava nazista e anticristo.
Comparação com outros casos
O delegado comparou o caso a outros crimes de grande repercussão, como o de Suzane von Richthofen, que matou os pais com ajuda do irmão. “A motivação aqui foi semelhante: reduzir despesas em uma família pobre com muitas bocas para alimentar”, explicou.
Prisões e conclusão do inquérito
Maria dos Aflitos e Francisco de Assis permanecem presos enquanto aguardam o fim das investigações. Os laudos periciais estão quase concluídos, e o inquérito deve ser finalizado em breve. “A preocupação da polícia é demonstrar de forma clara a autoria e a materialidade dos crimes, para que os responsáveis sejam punidos”, afirmou o delegado.
O caso, que envolve planejamento, crueldade e uma série de reviravoltas, continua a chocar o Brasil e serve como um alerta para a complexidade dos crimes intrafamiliares.
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