O zika vírus ficou conhecido por conseguir provocar microcefalia (condição em que o cérebro tem desenvolvimento anormal) no bebê após infectar uma mulher grávida. Agora, cientistas da Universidade da Califórnia, Davis, nos EUA, descobriram qual é o mecanismo responsável pela ação do vírus.
De acordo com um novo estudo publicado na revista científica mBio, depois de atravessar a placenta da grávida, o zika vírus "sequestra" do bebê uma proteína chamada ANKLE2, a qual tem um papel importante para que cérebro de um feto se desenvolva de forma saudável.
Os pesquisadores explicam que devido a carregar um conjunto limitado de instruções em seu próprio material genético, para se reproduzir os vírus, dependem de assumir proteínas e funções da célula de um hospedeiro (neste caso, o bebê).
“É um caso de o zika estar no lugar errado na hora errada”, afirma Priya Shah, professora associada da Universidade da Califórnia, Davis, e autora sênior do artigo, em comunicado.
Para o estudo, a equipe cultivou o vírus zika em células humanas. A partir disso, eles perceberam que ao eliminar o gene ANKLE2 nessas células o vírus teve sua capacidade de crescer reduzida.
“O zika e vírus relacionados desenvolveram estratégias para se esconderem nesses bolsos de replicação para evitar a detecção. Acreditamos que o ANKLE2 é sequestrado para ajudar a facilitar esse processo, e sem ele os bolsos não se formam tão bem e o sistema imunológico pode manter a replicação do vírus sob controle”, explica Adam Fishburn, também parte da pesquisa.
Além disso, também foi descoberto que o zika vírus também usa a proteína ANKLE2 quando infecta células de mosquitos, o que significa que essa interação é importante tanto em hospedeiros humanos quanto insetos.
E enquanto o vírus da dengue e da febre amarela também mostraram ter a mesma ação de "sequestro" desta proteína, o zika vírus é especialmente perigoso para o desenvolvimento fetal pois consegue atravessar a placenta e infectar o bebê de forma direta.
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