Eclampsia e pré-eclampsia estão entre as principais causas de morte materna
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), estima-se que 4% das gestações no Brasil ocorram em mulheres com cardiopatias, problemas estes considerados principal causa não obstétrica de morte materna. Em resposta a essa realidade, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), iniciou atividades, em outubro de 2024, do ambulatório de cardio-obstetrícia, visando proporcionar um acompanhamento mais eficaz à saúde das gestantes no Estado.
Para receberem atendimento no novo serviço, as gestantes devem ser encaminhadas pelo posto de saúde onde realizam o pré-natal e serem diagnosticadas com gravidez de alto risco. No HGF, as pacientes passam por uma triagem que avalia a condição de saúde e as particularidades de cada caso. Se for identificada alguma doença cardíaca, a mulher será prontamente encaminhada para o ambulatório, e realizará exames e acompanhamento regulares.
Cardiologista e coordenadora do ambulatório, Regina Coeli Carvalho ressalta que, durante a gravidez, doenças vasculares e hipertensão podem se agravar, aumentando o risco de eclâmpsia — uma condição que ocorre quando proteínas liberadas pelo feto na circulação materna desencadeiam uma resposta imunológica na gestante.
“Nossa missão não é apenas monitorar as doenças cardíacas durante a gestação, mas prevenir complicações graves antes, durante e após o parto. Assim protegemos a vida da mãe e do bebê”, afirma a médica.
Maria Eduarda Amorim, de 19 anos, foi diagnosticada com pressão alta durante os exames de pré-natal realizados no município de Caridade. Após o diagnóstico, ela foi encaminhada para o HGF, onde está recebendo os cuidados necessários. “Fiquei mais tranquila. Sempre escuto na minha cidade pessoa falando sobre mulheres que morreram durante o parto ou perderam o bebê”, diz a dona de casa. “Esse ambulatório vai salvar a vida de muitas mulheres como salvou a minha”.
Maria Eduarda será acompanhada pelo ambulatório do HGF até o fim da gestação
Eduarda enfatiza que conseguiu identificar os riscos graças ao acompanhamento médico durante a gravidez. “Não sentia nada de anormal, mas ao fazer os exames recomendados, recebi o diagnóstico de pressão alta. Por isso, é fundamental que todas as grávidas procurem o acompanhamento de um obstetra, independentemente da cidade onde moram”, aconselha.
Estatísticas de boletim epidemiológico divulgado pela Sesa mostram que, em 2023, o Ceará reduziu em 11% o número de óbitos de mulheres durante a gestação se comparado os números com os do ano anterior.
Com a nova estrutura disponível no HGF, espera-se que se ampliem os diagnósticos precoces de cardiopatias em gestantes e assim a possibilidade de mais vidas serem salvas. “Somos o segundo hospital da rede pública cearense a contar com um equipamento como este. É um trabalho contínuo, e esperamos ampliar nossa equipe médica e a capacidade de atendimento nos próximos anos”, afirma Regina.
Nas segundas-feiras, o ambulatório recebe mulheres gestantes de todo o Estado
A cardiologista ainda reforça que para a eficácia de qualquer tratamento médico também é preciso que cada paciente faça sua parte: “É crucial que as mulheres não apenas realizem o pré-natal, mas sigam as orientações dos profissionais de saúde em casos como este. Cuidem da alimentação, mantenham o repouso adequado e todos os cuidados nesse momento tão decisivo”.
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