“Uma coisa que faço muito com os meus alunos é acreditar neles. Quando eles percebem que há alguém que acredita, eles vão longe e voam”. Mais do que frases de impacto, as palavras ilustram o amor e o compromisso profissional da educadora Rosa Luzia da Silva, professora há 21 anos e docente de Língua Portuguesa do Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Letícia Macêdo, localizado no município de Anísio de Abreu.
A história com a escola, situada no agreste piauiense, começou em 2012. Rosa tem na educação uma missão de vida, que vai muito além dos minutos de uma aula regular ou das paredes que delimitam o espaço da escola.
“Eu sempre digo para os alunos que eu não estou aqui para ensinar matéria, eu estou aqui para despertá-los para outros horizontes. Não é só aceitar o que está se oferecendo. A mudança quem faz somos nós. Só precisa ir e acreditar”, considera a professora.
A relação de carinho e cuidado construída com os alunos têm deixado frutos ao longo dos anos. Histórias como a de Lorrany Ribeiro, estudante do Ceti Letícia Ribeiro que teve a perspectiva de futuro transformada pela presença da professora.
“Considero a professora Rosa como a minha mãe, aqui dentro da escola. Ela é o meu braço direito e que tudo que ela pedir, estarei disposta a participar. A nossa relação é muito boa porque a gente se entende e estamos nos incentivando a buscar mais conhecimento” afirmou a estudante.
Foi por influência da professora Rosa que Lorrany se inscreveu pela primeira vez na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa (OP), na qual conquistou a medalha de bronze. Desde então, a jovem prodígio acumula conquistas na vida acadêmica. Em 2023, foi escolhida como representante do Piauí no Programa Jovem Senador, do Senado Federal, após vencer um concurso por meio de uma redação com a temática saúde mental. Além disso, foi selecionada no Programa Futuras Cientistas e eleita para participar do Programa “AFS Global STEM Academies”, através do qual vivenciou um intercâmbio educacional, com todas as despesas pagas, na cidade de Houston, no estado do Texas, nos Estados Unidos.
“Lorrany é um exemplo para nós, professores, e para os alunos também. Ano passado ela foi selecionada para o projeto Futura Cientista e isso instigou outros estudantes. Inclusive, este ano, temos outra aluna praticamente classificada para o mesmo programa, e tudo por conta dela. Ela foi uma das primeiras alunas medalhistas na Olimpíada de Língua Portuguesa que tivemos, o que abriu portas para os demais”, celebra a professora orgulhosa.
Assim como Lorrany, outros egressos do Ceti tiveram suas histórias transformadas por influência da professora. Ela lembra, com carinho, de uma das primeiras medalhistas da Olimpíada, oriunda do Ceti Letícia Macêdo, e como a conquista abriu portas que, até então, a estudante não imaginava.
“Eu lembro da menina que ganhou medalhas de bronze e de prata e que sempre que me encontra na rua fala que se não fosse por esse zelo em insistir, em refazer os textos, ela não teria ganhado e, por consequência, não teria ido às cidades de Salvador e de São Paulo. Uma garota do interior do município, que não conhecia nem São Raimundo Nonato. É incrível. Isso é transformador, isso é o que a escola pública tem que fazer, sabe?”, rememora.
Carinho e gratidão que são eternizados na memória de todos que tiveram a vida marcada pela presença da professora de português. Prestes a fazer o Enem e com cartas de recomendação para se graduar fora do Brasil, Lorrany garante que a relação construída com a professora Rosa lhe acompanhará para sempre.
“O que eu queria dizer à professora Rosa é: muito obrigada por ter aproveitado o meu potencial, por acreditar que eu poderia conseguir muito mais na minha vida, na minha jornada acadêmica. Ela vai ser a professora que vai ficar mais marcada no meu coração, nas minhas lembranças, como uma das maiores coisas que eu tive aqui na escola, com a precursora dos meus objetivos e conquistas”, se emociona a garota.
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