
O fígado é o segundo órgão mais transplantado no Brasil, com 1.685 cirurgias realizadas entre janeiro e setembro de 2024, ficando atrás apenas do transplante de rim (4.234), segundo dados do Ministério da Saúde. Uma das principais doenças que levam à necessidade de transplante é a cirrose, processo de regeneração inicialmente benigno, no qual as células lesionadas do órgão são substituídas por cicatrizes, mas que, em sua fase terminal, faz com que o fígado pare de funcionar. Em muitos casos, a doença pode ser prevenida.
“Qualquer condição que cause hepatite — ou seja, a inflamação do fígado por muito tempo — pode causar cirrose. Entre as causas mais comuns, podemos citar as hepatites B e C, álcool, uso de medicamentos, doença hepática gordurosa não alcoólica e algumas doenças genéticas. Em mulheres, acontece a hepatite autoimune, em que o próprio organismo é quem inflama o fígado”, explica Elodie Hyppolito, hepatologista do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará referência no tratamento de hepatites.
Segundo a médica, as causas acima podem resultar ainda no câncer de fígado, cujo tratamento também demanda a necessidade de transplante. Entre os maus hábitos que podem comprometer a saúde do órgão, Hyppolito destaca o sedentarismo, a automedicação e a ingestão de bebida alcoólica. “O ideal é não ingerir quantidade nenhuma, mas, se ingerir, a quantidade de álcool deve ser a mínima possível”, recomenda. Além disso, diabetes, obesidade e colesterol alto também representam fatores de risco para a doença hepática.
Outra importante forma de evitar a necessidade de transplante é prevenir e tratar as hepatites, principalmente os tipos B e C, que se tornam crônicas e podem evoluir para cirrose ou até mesmo câncer de fígado. “Elas são doenças virais transmitidas, principalmente, pelo contato com o sangue, seja por transfusões, cirurgias, tatuagens ou uso de drogas, pelo sexo e pelo parto ou amamentação”, destaca Elodie Hyppolito.
O uso de preservativo nas relações sexuais e o não compartilhamento de seringas e objetos de uso pessoal, como alicates e lâminas de barbear, são algumas das principais medidas de prevenção contra as hepatites virais. As vacinas para as hepatites A e B são também importantes formas de prevenir essas doenças.

A hepatologista ressalta que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. “O tratamento da hepatite B não cura, mas estaciona a doença. Já o da hepatite C cura 100% dos pacientes, é gratuito e dado pelo SUS”, pontua.
O comerciante Geraldo [nome fictício], 67, descobriu que estava com hepatite C em 2020, quando deu entrada na Emergência do HSJ após ter tido um sangramento no nariz, um dos sintomas que podem indicar problemas no fígado. Ele logo iniciou o tratamento e, após seis meses, alcançou a cura da doença, mas continua sendo acompanhado no Ambulatório de Hepatites do HSJ devido a lesões no fígado causadas pelo consumo de álcool.
“A médica disse que se eu quisesse viver mais, eu deveria deixar a bebida. E eu quero viver mais um pouquinho”, compartilha Geraldo, que, desde o diagnóstico da hepatite C, não consome mais bebida alcoólica.

O Ambulatório de Hepatites do Hospital São José atende pacientes acima de 18 anos com diagnóstico de hepatites B ou C por meio da Central Estadual de Regulação. Integram a equipe dois hepatologistas e uma infectologista, além de uma enfermeira, que coordena o acolhimento de primeira consulta. O atendimento acontece às segundas e sextas-feiras, das 13h às 18h, e às quartas-feiras, das 8h às 12h.
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