O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a atual condução da política monetária em debate nesta quarta-feira (17) na Câmara dos Deputados. Ele ressaltou que a inflação segue em queda, reconheceu que os juros no Brasil são altos e espera melhora nos indicadores com um esforço fiscal do governo.
Segundo Campos Neto, a economia segue em uma "trajetória de pouso suave”, com desempenho melhor do que muitos países. “Pouso suave é reduzir a inflação com o menor custo possível para a sociedade, comparando a queda na inflação e os efeitos no Produto Interno Bruto, no desemprego e no crédito”, explicou.
Os dados do Banco Central mostram que a inflação caiu 8,7 pontos percentuais entre 2022 e 2023, ao mesmo tempo em que houve uma variação negativa de 0,3 ponto percentual na estimativa de crescimento do PIB. Hoje, a expectativa do mercado é de inflação de 4,86% neste ano e de crescimento do PIB de 2,92%.
Juros
Na última reunião, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 12,75% em valores nominais - uma das mais altas do mundo. O colegiado decidiu, por unanimidade, que mais adiante poderá haver novos cortes de 0,5.
“Quando comparamos as taxas de juros nominais no Brasil em diversos períodos, a gente vê que de 2019 a 2023, na média, foi o período com as menores taxas de juros da história recente”, disse Campos Neto. Essa média foi de 7,6% ao ano (até agosto último), ante cerca de 19% entre 1999 e 2006 e 11% entre 2007 e 2018.
Veja aqui a apresentação do presidente do BC
Câmbio
Além da política monetária, o presidente do Banco Central foi convidado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara para explicar um erro no fluxo cambial de cerca de R$ 14,5 bilhões, entre outubro de 2021 e dezembro de 2022. Corrigido o erro, o mercado de câmbio passou de superavitário para deficitário.
Ao responder os questionamentos do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), Campos Neto disse que houve uma falha operacional, já saneada. Ele minimizou o caso, afirmando que a diferença equivalia a 0,4% de todo o mercado de câmbio, e informou que o Tribunal de Contas da União analisou e já deu o aval àquelas estatísticas.
Fiscal
Durante o debate, Lindbergh Farias também criticou comentários do BC sobre temas fiscais. “Quer dar uma de tutor, é uma interferência completa na política econômica”, disse. “Falamos do fiscal porque é uma das dimensões do modelo, se olhar ata a ata, falávamos mais antes do que agora”, rebateu Campos Neto.
“Possivelmente o Banco Central do Brasil deve ser eleito o melhor do mundo em 2023, repetindo o sucesso”, comentou o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), uma das lideranças da oposição ao governo Lula. Em 2020 e 2022, Campos Neto, ganhou prêmios pela atuação na pandemia, e o BC, em 2023, pela gestão das reservas.
Participações
O presidente da Comissão de Finanças, deputado Paulo Guedes (PT-MG), coordenou os trabalhos. Participaram os deputados Adriana Ventura (Novo-SP); Abilio Brunini (PL-MT); Capitão Alberto Neto (PL-AM); Coronel Chrisóstomo (PL-RO); Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT); Fernanda Melchionna (Psol-RS); Gilson Marques (Novo-SC); Gleisi Hoffmann (PT-PR); Guilherme Boulos (Psol-SP); Jilmar Tatto (PT-SP); Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR); Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP); Lula da Fonte (PP-PE); Marcel van Hattem (Novo-RS); Mauro Benevides Filho (PDT-CE); Merlong Solano (PT-PI); Newton Cardoso Jr (MDB-MG); Pedro Paulo (PSD-RJ) e Sidney Leite (PSD-AM).
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