A Secretaria da Educação (Seduc) sediou, nesta terça-feira (4), o lançamento do livro “Estados Eficazes na Gestão da Aprendizagem”. O evento contou com as participações da secretária da Educação, Eliana Estrela; do diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DGPE), Henrique Paim; e do coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece-PPGE), José Airton Pontes Júnior.

O livro foi organizado por Henrique Paim, pela professora do programa de pós-graduação em educação da Universidade Estadual do Ceará e pesquisadora do DGPE, Sofia Lerche Vieira, e pela coordenadora de pesquisa do DPGE, Jaana Nogueira.

Resultado de uma investigação desenvolvida por pesquisadores da FGV-DGPE, em parceria com o Instituto Unibanco, e o apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a pesquisa buscou documentar experiências e investigar processos de gestão adotados pelas secretarias de educação dos estados e suas relações com os resultados educacionais dos estudantes. A obra tem como principal objetivo contribuir com os esforços já realizados pelas redes estaduais, produzindo e disseminando conhecimento para a melhoria da educação.

Eliana Estrela considera simbólico o lançamento do livro ocorrer na sede da Seduc. “O estado do Ceará é referência na educação, pelo resultado de muitas mãos, mas ainda temos muito o que melhorar. Por meio das pesquisas, conseguimos perceber melhor o que acontece e o que podemos transformar para fazer uma educação melhor. Precisamos encontrar caminhos para diminuir as desigualdades e termos uma gestão eficaz”, pontua a secretária.

Henrique Paim classifica como inovador o trabalho de pesquisa apresentado no livro e também enaltece o fato de a obra ter sido lançada no Ceará. “Há vários fatores importantes que fazem com que as secretarias eficazes se destaquem. O ponto comum entre elas é a questão do acompanhamento da rede. Existe um conjunto de artigos escritos sobre a teoria da escola eficaz, ou seja, as características de uma escola que tem bom desempenho, mas não tínhamos no Brasil nenhuma obra relacionada aos diferenciais de uma secretaria de alto desempenho. A Seduc sediar esse evento é um reconhecimento nosso ao trabalho aqui desenvolvido”, ressalta.

José Airton argumenta que as pesquisas buscam entender a realidade para tentar modificá-la. “O grupo que está à frente dessa pesquisa vai a campo, viaja de barco, coleta dados e entende realidades, o que para muitos parece fácil, quando sai o artigo. Mas, a produção desse trabalho envolveu planejamento, investimento e, principalmente, força de vontade. Isso é inspirador. Enfatizo a boa relação que a Seduc tem desenvolvido com o PPGE, por meio de convênios, projetos de pesquisa e articulações, que ainda vão causar repercussões importantes para o estado do Ceará”, frisa.

A análise contou com uma parte quantitativa, por meio de um questionário on-line, e outra qualitativa, com visitas e entrevistas em quatro estados: Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí e São Paulo. Essa seleção considerou os resultados nos anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio, obtidos pelos estados no Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) 2019, que aponta os três melhores índices, além das três maiores evoluções do Ideb no período 2005-19.

Jaana Nogueira diz que o estudo busca oferecer uma contribuição aos esforços que já vêm sendo realizados pelas Secretarias de Educação de estados e municípios. “A pesquisa foi desenvolvida ao longo de dois anos. Alguns temas, como regime de colaboração, que o Ceará já faz naturalmente, tendo desenvolvido uma tradição, para muitos estados ainda é um desafio. Também abordamos questões como avaliação, currículo e formação profissional. Esses itens impactam na qualidade da educação que é oferecida nas escolas”, argumenta.

Sofia Lerche salienta que um trabalho de pesquisa, para ter sustentabilidade e oferecer contribuição significativa, precisa representar uma obra coletiva. “A pesquisa é um registro de práticas e um olhar sobre a realidade da educação. Tivemos um conjunto muito significativo de entrevistados, com 48 horas de gravação e uma média de 16 escolas visitadas em cada estado. Nosso país é complexo. Fazer política educacional é algo desafiador. O Brasil está, aos poucos, mudando por meio da educação”, considera.

Constituída de cinco capítulos, a publicação traz um estudo com destaque para os fatores que mais impactam a qualidade da educação: avaliação, currículo, profissionais da educação, regime de colaboração e acompanhamento.