Diagnosticado com a doença de Parkinson há mais de uma década, o lavrador Mizael Pedro Sá, de 74 anos, voltou a alimentar a expectativa de uma rotina mais autônoma após a ativação de um marcapasso cerebral no Hospital de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira, em São Luís — procedimento de estimulação cerebral profunda que representa um avanço no tratamento da doença pelo SUS no Maranhão.
Mizael disse estar otimista com o tratamento. “Essa liberdade que eu não tinha de andar dentro da minha casa, de precisar que minha companheira me ajudasse a levantar da cama e me levasse aos lugares… Com essa melhora que eu vou ter, vou voltar a fazer o que fazia antes. Então, para mim, é só alegria”, relatou.
O médico especialista em neurocirurgia, João Carlos Sousa, detalhou como funciona a estimulação do sistema e os benefícios para o paciente.
“Esse procedimento consiste na estimulação cerebral profunda. É a colocação de um sistema que estimula uma região profunda do cérebro, ligado a uma bateria — um gerador de estímulos — para o controle dos fenômenos motores da doença de Parkinson que não estão sendo controlados com a medicação. Esse é um dos maiores avanços da atualidade do SUS no Maranhão. É a primeira unidade em que se realiza esse tipo de procedimento com essa tecnologia e, com isso, conseguimos iniciar um processo de acesso para pacientes que convivem com a doença de Parkinson. O que se espera é que eles consigam controlar esses fenômenos, ter mais liberdade, voltar a realizar atividades motoras que habitualmente faziam e, assim, alcançar mais qualidade de vida”, explicou.
Para a neta de seu Mizael, a estudante Michelle Freitas de Sá, de 27 anos, a continuidade do tratamento representa dias melhores para toda a família. “Eu cresci vendo meus avós em uma rotina de trabalho incansável, sem reclamar. De uns anos para cá, ele não podia fazer nem o básico em casa, e isso atingiu não só a ele, mas toda a família. Ver ele sem poder fazer o que gostava era algo que nos afligia. Esse procedimento que ele fez há alguns dias e agora, com a ativação desse dispositivo, vai mudar a vida dele de uma forma que a gente já não tinha mais esperança de ver. Ele voltar a fazer as coisas em casa, na lavoura, e ir às pescarias de que gostava. Então, para nós, familiares, isso significa dias melhores”, afirmou.
Sobre o sistema
O sistema é do tipo implantável e recarregável, com durabilidade superior a dez anos, mas que exige recarga periódica semanal.
Trata-se de um procedimento simples, seguro e compatível com o dia a dia do paciente, que não precisará passar por revisões cirúrgicas periódicas, já que a bateria possui longa durabilidade. O implante de marcapasso cerebral (DBS) é uma técnica avançada utilizada não apenas no tratamento do Parkinson, mas também em casos de tremor essencial e distonias, quando os sintomas motores passam a limitar a autonomia e a qualidade de vida.
Tratamento
O tratamento consiste na implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um gerador de impulsos, frequentemente chamado de marcapasso cerebral. Esse dispositivo emite estímulos elétricos contínuos capazes de modular circuitos neurais alterados pela doença, promovendo melhora significativa dos sintomas.
A ativação do sistema ocorreu na última segunda-feira (22), no Hospital de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira, referência estadual em procedimentos neurológicos de alta complexidade. A tecnologia beneficiou o lavrador Mizael Pedro Sá, de 74 anos, morador de São Luís, que convive com a doença há uma década. Ele recebeu alta hospitalar no dia 24 de novembro, após passar pelo procedimento de implante do marcapasso cerebral (DBS) no dia 21 do mesmo mês.