Um bebê de 3 meses passou por uma cirurgia, não autorizada pela mãe, no Hospital Municipal Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, na manhã de quarta-feira (3/12). Segundo a família, o menino Ravi Lucca foi levado ao centro cirúrgico para retirar um dedo extra das mãos, um procedimento simples e já previsto. No entanto, ao ser devolvido à mãe, ele havia sido submetido a uma frenectomia lingual, um procedimento de corte do freio da língua, que não estava indicado e nem solicitado pela família.

A avó de Ravi, Érica Santos Gonçalves, contou ao Metrópoles que a médica responsável levou o bebê ao centro cirúrgico e retornou minutos depois, sem sequer mencionar detalhes do procedimento esperado. No lugar de orientações sobre a retirada do dedo extra, entregou apenas uma receita médica. Segundo Érica, a mãe questionou o que havia sido feito e recebeu a explicação de que a médica havia realizado uma cirurgia na língua da criança.

“Ela simplesmente disse que tinha feito o corte no freio da língua. Mas meu neto nunca teve problema nenhum na língua. Quando nasceu, foi examinado, passou no posto de saúde, nunca teve dificuldade para mamar. Foi uma cirurgia que ninguém pediu e que não tinha motivo para acontecer”, relatou.
Após questionar a situação, a médica teria demonstrado aparente surpresa quando Bruna Gonçalves Da Silva, mãe do bebê Ravi, apontou que o dedo extra ainda estava na mão do filho, o procedimento certo sequer havia sido realizado.

“Ela me entregou o Ravi como se estivesse tudo terminado. Quando olhei a mãozinha e vi os dedinhos ainda lá, questionei. A médica ficou surpresa, como se não soubesse que ele precisava tirar o dedo extra. Só depois disso voltou com ele para fazer a cirurgia certa”, contou a mãe.

Ravi então, passou por uma segunda intervenção, desta vez, a retirada dos dedos que já estava prescrita e esperada. Um dia após a cirurgia, a família relatou que, depois do corte no freio da língua, Ravi passou a apresentar forte irritação, dificuldade para mamar e dores na região da boca.

Família suspeita de troca de prontuários

Uma outra mãe, que estava com um recém-nascido no mesmo setor do hospital, disse ter ouvido o nome chamado pela equipe médica e notado que era semelhante ao nome do filho dela. Ela afirmou à família que o bebê também se chama Lucas, nome parecido do composto Ravi Lucca. Para a família do bebê, há indícios de que os prontuários tenham sido trocados.

A Polícia Civil orientou a mãe a levar o bebê ao Instituto Médico Legal (IML), onde o exame de corpo de delito foi realizado no mesmo dia. A família também formalizou uma reclamação na Ouvidoria do SUS e afirma ter gravações de conversas com a médica e com a diretora do hospital que comprovariam a realização do procedimento não autorizado.

O Metrópoles procurou a Secretaria Municipal da Saúde, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou a ocorrência e disse que o caso foi registrado como lesão corporal no 62º Distrito Policial (Ermelino Matarazzo), que requisitou perícia.