Apesar da estabilidade nas cotações do bezerro em outubro, os preços devem permanecer elevados nos próximos meses, indicando uma possível reversão do ciclo pecuário, segundo avaliação de Thiago Bernardino de Carvalho, coordenador de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Após atingir o pico de R$ 2.926 em setembro, o valor do bezerro segue estável na parcial de outubro. Para Carvalho, o setor vive uma fase de transição.
“tivemos um pico em 2021 e, de lá pra cá, passamos por cerca de 40 meses de oscilação entre altos e baixos nos preços. Esse movimento indica uma reversão do ciclo pecuário”, afrimou.
De acordo com o pesquisador, a tendência é que os preços do bezerro permaneçam altos pelo menos até 2027, ou até a virada entre 2026 e 2027, quando podem alcançar novo pico de valorização.
Enquanto isso, o boi gordo enfrenta pressão nos preços devido ao aumento da oferta de animais confinados.
Segundo Carvalho, os grandes confinamentos, que operam em escala e possuem contratos com frigoríficos, ajudam a equilibrar o mercado, mas também podem exercer pressão sobre as cotações.
Mesmo com o cenário de pressão, a demanda externa pela carne bovina deve continuar forte. Carvalho destaca que as exportações brasileiras seguem aquecidas e podem ultrapassar 3 milhões de toneladas em 2025.
Além disso, o consumo interno tende a crescer no fim do ano, impulsionado pelas festas e pelo aumento da renda, o que deve manter as cotações firmes no curto e médio prazo.
O pesquisador alerta, porém, que o mercado deve ser monitorado de perto.
Segundo ele, variações e supervalorizações pontuais podem ocorrer, beneficiando especialmente os pecuaristas que trabalham com terminação.