Brasil Menos motoristas
Profissão em risco: queda na emissão de CNHs D e E revela envelhecimento e desinteresse entre motoristas
Procura por CNHs D e E cai gradativamente
06/10/2025 08h38
Por: Vanilson Brito Fonte: Redação

Nos últimos dez anos, o Brasil registrou uma queda de 30,88% na emissão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) nas categorias D e E, voltadas para motoristas profissionais. Os dados, divulgados pelo Ministério dos Transportes, revelam uma tendência preocupante: o número de novos condutores habilitados para transporte de cargas e passageiros está diminuindo de forma constante.

Em 2015, foram emitidas 11.705.367 CNHs dessas categorias. Em 2025, até o momento, esse número caiu para 8.091.240, o que representa uma redução média de 3% ao ano. Essa queda foi tema de debate no primeiro Fórum Pé na Estrada, que discutiu a escassez de profissionais no setor.

Uma pesquisa apresentada por James Theodoro, da Korsa Seguros, mostrou que 90% dos motoristas não desejam que seus filhos sigam a profissão, e cerca de 30% devem se aposentar nos próximos anos, evidenciando o envelhecimento da categoria e a falta de renovação.

Entre os estados com menor emissão de CNHs D e E estão Tocantins, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde o custo para mudança de categoria pode ser um fator limitante. Já os estados com maior queda absoluta são São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, justamente os que mais emitem CNHs profissionais.

A dificuldade começa na base: a primeira habilitação, que é pré-requisito para alcançar as categorias D e E, também enfrenta obstáculos como o alto custo. Isso afeta diretamente o número de profissionais que poderiam migrar para o transporte de cargas e passageiros.

Para enfrentar esse cenário, o governo propôs medidas como a CNH Social, que oferece a primeira habilitação gratuita para pessoas de baixa renda, e a possível dispensa do curso obrigatório no CFC. No setor privado, empresas têm buscado soluções como custear a mudança de categoria para seus funcionários e programas de inclusão, como os da Mercedes-Benz voltados para mulheres.

Apesar das iniciativas, o desafio permanece: manter o transporte rodoviário ativo e atrativo para novas gerações. A queda nas emissões de CNHs profissionais é um alerta para o futuro da mobilidade e logística no país.