Os preços internacionais do café chegaram a subir 40% entre agosto e setembro, e essa valorização deve se refletir em novas faixas de preço nas gôndolas dos supermercados brasileiros. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as indústrias negociaram reajustes de 10% a 15% nos preços do café com o varejo.
“O reajuste vai ser repassado a partir de agora. Em alguns casos, os preços foram comunicados no início do mês, mas como os supermercados só foram às compras a partir da segunda quinzena, o reajuste deve chegar nas prateleiras a partir da semana que vem”, disse o presidente da Abic, Pavel Cardoso.
Ele afirmou ainda que os dados preliminares de setembro apontam aumento no consumo, mesmo diante da alta nos preços. “Vimos uma virada do consumo. Os dados parciais de setembro mostram um aumento do consumo, o que nos leva a crer que possivelmente vamos fechar o terceiro quadrimestre com crescimento e o ano de 2025 com números muito parecidos com 2024”, afirmou.
Pavel atribui a alta internacional à colheita abaixo do esperado no café arábica brasileiro, aos estoques globais baixos, ao clima irregular e ao “tarifaço americano”. Ele ressaltou que a expectativa agora está voltada para a safra de 2026, com notícias animadoras sobre florada, desde que não haja quebra por fatores climáticos. Ele também afirmou que há expectativa de prevalência do efeito La Niña, o que pode trazer estabilidade nas chuvas e temperaturas mais amenas.
Para a Abic, ações recentes do governo dos EUA em relação ao Brasil elevaram a expectativa de isenção de tarifas de importação para o café. O produto foi incluído no “anexo V” da ordem executiva da Casa Branca, que menciona a possibilidade de dispensar tarifas em caso de acordo comercial entre os países.
Um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) indica que choques nos preços do café costumam levar até um ano para chegar integralmente aos consumidores, com efeitos persistindo por até quatro anos.