A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) recuperaram 324 veículos durante a Operação Hircus IX, concluída na última sexta-feira (19). Avaliados em mais de R$ 6 milhões, os veículos foram apreendidos em diferentes cidades do estado e fazem parte da maior ação já realizada no Maranhão contra fraudes veiculares.
A ação foi dividida em duas fases. A primeira ocorreu nos dias 3 e 4 de setembro, em pátios de veículos de São Luís, Presidente Dutra e Caxias. A segunda foi realizada entre 10 e 18 de setembro e alcançou mais de 20 municípios.
As investigações apontam que os veículos apreendidos foram comprados em anúncios falsos na internet, em grupos de mensagem. Segundo a Polícia Civil, em alguns casos, os automóveis tinham registro de roubo ou furto no Maranhão, no Distrito Federal e em oito estados.
As atividades se concentraram em Barreirinhas, Paulino Neves, Tutóia, Urbano Santos, Santa Quitéria, Viana, São Bernardo, Brejo, Chapadinha, Anapurus, Penalva, São Vicente Ferrer, São João Batista, São Bento, Buriti, Duque Bacelar, Pinheiro, Santa Helena, Turilândia e diversas outras cidades do interior do estado.
Resultados da operação
A edição de 2025 da Operação Hircus alcançou números inéditos:
324 veículos recuperados, entre motocicletas, automóveis, caminhonetes, motonetas, camionetas e um caminhão. O total estimado dos bens recuperados ultrapassa os R$ 6 milhões, reforçando a dimensão econômica do prejuízo evitado às vítimas;
Cerca de 9.700 consultas veiculares foram realizadas, demonstrando a complexidade do trabalho desenvolvido;
57 pessoas conduzidas à Polícia Civil para prestarem esclarecimentos;
Identificação de veículos com registro de roubo e furto em outros estados, que eram adulterados e trazidos para serem vendidos no Maranhão, com predominância de motocicletas.
Entre os veículos, estavam 20 automóveis, 1 caminhão, 277 motocicletas, 16 motonetas, 2 camionetas e 8 caminhonetes. Em Matinha, a polícia localizou um caminhão roubado em Balsas em julho de 2024, que circulava com placas clonadas e sinais de adulteração.
Golpes na internet
De acordo com a polícia, parte dos motoristas abordados disse não saber da origem criminosa e afirmou ter sido vítima de golpe, já que não conseguiu transferir a propriedade nem manter contato com os vendedores após a compra.
Dessas ocorrências, 136 veículos já tiveram suas identificações veiculares originais localizadas. Destes, 109 possuíam boletins de ocorrência por crimes de roubo ou furto, tanto no Maranhão quanto em outros estados do país: Maranhão (49), Piauí (31), Ceará (16), Pernambuco (3), São Paulo (3), Goiás (3), Distrito Federal (1), Rio Grande do Norte (1), Tocantins (1) e Rondônia (1).
Cerca de 100 policiais participaram da operação, entre rodoviários federais de dez estados e equipes da Polícia Civil do Maranhão. Uma força-tarefa foi criada para registrar as ocorrências e iniciar rapidamente as investigações, o que acelerou a devolução dos bens às vítimas.
O trabalho de identificação continua em andamento, com a Polícia Civil do Maranhão atuando de forma intensa na investigação para localizar as vítimas dos crimes de roubo ou furto desses veículos.
As equipes fazem a análise detalhada de documentos, cruzamento de informações e contato direto com possíveis vítimas, buscando garantir que cada caso seja acompanhado até a devolução segura do bem aos seus legítimos proprietários.
Origem da operação
Criada em 2013, a Operação Hircus nasceu de uma demanda de policiais rodoviários federais que atuavam em pontos críticos do Piauí, onde as fraudes veiculares tinham forte incidência.
Desde então, a operação já percorreu cinco estados (Maranhão, Piauí, Bahia, Paraíba e Mato Grosso), sempre desenvolvida em parceria com as polícias estaduais. Cerca de dois mil veículos já foram recuperados em suas nove fases.
O nome Hircus, derivado do latim e que significa “bode” ou “cabrito”, foi escolhido em alusão ao jargão policial que emprega o termo “cabrito” para se referir a veículos de procedência ilícita. Na prática criminosa, automóveis oriundos de roubo ou furto são frequentemente adulterados, seja por meio da clonagem de placas, da alteração de sinais identificadores ou de outros artifícios, justamente para ocultar a sua verdadeira origem e fazê-los parecer regulares.
A denominação, portanto, está diretamente associada ao objetivo da operação: combater fraudes veiculares e identificar esses veículos que circulam de forma disfarçada, mas que são produtos de crimes patrimoniais.