A comercialização do milho no Brasil está mais lenta do que o esperado, já que muitos produtores aguardam preços mais atrativos para liberar sua produção. O cenário pressiona o mercado, influenciado tanto pela oferta e demanda quanto pelo câmbio.
De acordo com Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, a segunda safra de 2025, conhecida como safrinha, foi bastante produtiva, alcançando 112 milhões de toneladas. No entanto, apenas 56% desse volume foi vendido, abaixo da média histórica de 60%. Além disso, ainda restam cerca de 10 milhões de toneladas da safra de verão 2024/25, totalizando 59 milhões de toneladas de milho nas mãos dos produtores.
Para Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora, o ritmo de vendas segue lento em várias regiões, embora Mato Grosso esteja mais adiantado nas negociações. Ele destaca a atuação das indústrias de etanol, que compram grandes volumes antecipadamente para garantir estoques entre fevereiro e maio, antes da próxima safrinha.
A expectativa, segundo os analistas, é de que os preços continuem baixos diante da ampla oferta. Rafael ressalta que "a melhor oportunidade do ano já passou" e aponta o câmbio como única chance de valorização.
O impacto do dólar também foi mencionado por Gilberto Leal, que observa que a cotação a R$ 5,29 prejudica os exportadores brasileiros. Ele compara os valores atuais, entre R$ 50 e R$ 51 por saca (para entrega em dezembro e pagamento em janeiro), com os preços mais altos registrados no ano passado, o que já mostra um cenário diferente para o mercado, especialmente em Mato Grosso.
Leal ainda alerta que a entrada antecipada da nova safra no início de 2026 pode ampliar a pressão sobre os preços, já que "a lei da oferta e demanda não tem conversa". Ele acrescenta que o dólar desfavorável dificulta as exportações, deixando o milho brasileiro "travado" no mercado internacional.