Em apenas dois dias de funcionamento, o Plano Brasil Soberano aprovou R$ 1,2 bilhão em financiamentos para empresas brasileiras impactadas pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos. O programa, lançado pelo governo federal, prevê até R$ 40 bilhões em crédito para apoiar negócios atingidos pelas novas tarifas.
Segundo o BNDES, 533 empresas solicitaram financiamentos, somando R$ 3,1 bilhões em pedidos. Desse total, R$ 1,9 bilhão ainda está em análise. O pacote é composto por R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões do próprio banco, com juros mais baixos que os de mercado. Entre as condições para acesso ao crédito está a manutenção dos empregos.
Nos dois primeiros dias, foram aprovadas 75 operações de crédito, todas na modalidade de capital de giro. A maioria das empresas beneficiadas pertence à indústria de transformação (84,1%), seguida por agropecuária (6,1%), comércio e serviços (5,7%) e indústria extrativa (4,2%). Quase um terço dos recursos (30%) foi destinado a pequenas e médias empresas.
Para participar, as companhias precisam comprovar que pelo menos 5% do faturamento bruto entre julho de 2024 e julho de 2025 veio de produtos incluídos na lista de tarifação americana. Até agora, 2.236 empresas consultaram o sistema do BNDES, mas apenas 533 eram elegíveis.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a rapidez na liberação dos recursos:
“Nosso objetivo é proteger os empregos e fortalecer as empresas e a economia, inclusive estimulando a participação em novos mercados”, diz.
Ainda de acordo com o banco, R$ 1,7 bilhão em pedidos segue em análise, principalmente na linha voltada à busca de novos mercados.
Como acessar
As empresas podem verificar a elegibilidade no site do BNDES, utilizando o certificado digital na plataforma GOV.BR. Se aprovadas, devem procurar o banco com o qual já têm relacionamento. Grandes companhias podem tratar diretamente com o BNDES.
Impacto do tarifaço
O tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump determinou sobretaxa de até 50% sobre 35,9% das exportações brasileiras para os EUA, em vigor desde 6 de agosto. Produtos como suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves foram poupados da medida.
Um levantamento da Amcham Brasil mostrou que as exportações dos itens atingidos caíram 22,4% em agosto em comparação com o mesmo mês de 2024. Os EUA são hoje o segundo principal parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.