O Bolsa Família tem impacto direto na redução do trabalho infantil no Brasil, segundo pesquisa especial do IBGE baseada na PNAD Contínua. O estudo mostra que, em 2024, 5,2% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de lares beneficiários estavam em situação de trabalho infantil — percentual ainda superior à média nacional (4,3%), mas com queda mais acentuada ao longo dos anos.
Em 2016, a diferença entre os dois grupos era de 2,1 pontos percentuais; em 2024, caiu para 0,9 ponto. Para o IBGE, isso reforça o papel do programa como proteção social, especialmente em famílias com renda per capita de R$ 604, frente a R$ 1.812 em domicílios não beneficiários.
A frequência escolar também é maior entre os beneficiários. Entre os que trabalham, 91,2% seguem estudando, contra 88,8% da média nacional. No grupo de 16 e 17 anos, a taxa foi de 82,7% (Bolsa Família) ante 81,8% no total.
Apesar da redução geral, o trabalho infantil cresceu entre adolescentes de 16 e 17 anos, passando de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024. Mais da metade (55,5%) das crianças e jovens em situação de trabalho infantil estão nessa faixa etária, e 30% deles chegam a trabalhar 40 horas ou mais por semana.
As regiões Nordeste (547 mil pessoas) e Sul (226 mil pessoas) apresentaram as altas mais acentuadas no número de pessoas de 5 a 17 anos em trabalho infantil em relação a 2023: 7,3% e 13,6%, respectivamente. Já Sudeste e Centro-Oeste tiveram pequenas oscilações, passando de de 478 mil para 475 mil pessoas, e de 148 mil para 153 mil pessoas, respectivamente.
Já o Norte, com 248 mil pessoas em trabalho infantil, foi a única grande região com queda expressiva (-12,1%) nesse contingente entre 2023 e 2024, apesar de ser a grande região com a maior proporção (6,2%) de crianças e adolescentes nessa situação. Nas demais grandes regiões, a proporção de jovens em trabalho infantil foi a seguinte: Nordeste (5,0%), Centro-Oeste (4,9%), Sul (4,4%) e Sudeste (3,3%).
Frente a 2016, todas as grandes regiões apresentaram queda do total de pessoas em situação de trabalho infantil, exceto a Região Centro-Oeste, com uma variação positiva de 7,0%. Nesse período, o Nordeste apresentou a maior retração (27,1%).