Saúde Saúde Pública
Vacina do HPV avança no público-alvo, mas precisa resgatar mais velhos
Mais de 80% das meninas de 9 a 14 anos estão protegidas
28/08/2025 08h40
Por: Amanda Lafayette Fonte: Agência Brasil
Foto: Reprodução/Instituto Butantan

O Brasil superou a média global de vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), alcançando 82% de cobertura entre meninas de 9 a 14 anos, enquanto a média mundial está em apenas 12%, segundo dados recentes. Em 2022, o índice nacional era de 78%. A meta do país é atingir 90% até 2030, em um esforço para erradicar o câncer de colo do útero.

Além das meninas, os meninos também passaram a ser incluídos na imunização, e a cobertura nesse grupo avançou de 45,4% para 67,2% em dois anos. Ainda assim, o Ministério da Saúde identificou cerca de 7 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos sem vacina, lançando em fevereiro de 2025 uma campanha específica para essa faixa etária. A prioridade inicial foi atender 2,95 milhões de jovens em 121 municípios com maior índice de não vacinados. No entanto, até 21 de março, apenas 106 mil haviam sido imunizados.

Nos estados mais populosos, como São Paulo e Rio de Janeiro, foram iniciadas estratégias extras para ampliar a cobertura. Somente no Rio, estima-se que 520 mil pessoas ainda não tenham recebido a vacina. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) manifestou preocupação com o baixo alcance da campanha.

Juarez Cunha, diretor da entidade, destacou que a falta de informação é um dos maiores obstáculos, e defendeu estratégias de comunicação voltadas diretamente aos jovens. “Se eles compreenderem que a vacina previne doenças graves, a adesão tende a crescer”, afirmou. Ele também defendeu ações para fortalecer a confiança nas vacinas, combater a desinformação e enfrentar a ideia de que as doenças deixaram de ser uma ameaça.

Um estudo da Fundação do Câncer apontou que parte significativa de jovens e responsáveis ainda não sabe que a vacina contra HPV é capaz de prevenir o câncer. Para ampliar o alcance, Cunha sugeriu campanhas com horários estendidos e equipes preparadas para esclarecer dúvidas da população.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o HPV está associado a praticamente todos os casos de câncer de colo do útero, com estimativa de 17 mil novos diagnósticos por ano entre 2023 e 2025. A imunização é mais eficaz antes do início da vida sexual, motivo pelo qual é recomendada prioritariamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos.

Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) já distribuiu mais de 75 milhões de doses, agora aplicadas em dose única. O tema será debatido na Jornada Nacional de Imunizações, em São Paulo. O Ministério da Saúde também tem reforçado parcerias com entidades civis e científicas para ampliar a cobertura e combater a desinformação. Em julho, o governo sancionou a lei que institui a Política Nacional para Enfrentamento do HPV.