Em resposta às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, o Governo do Ceará anunciou que irá adquirir cerca de 300 toneladas de água de coco e 300 toneladas de pescado de exportadores locais afetados. A medida foi divulgada por Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), durante o lançamento da XIX edição do Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (Enel), realizado nesta segunda-feira (25) na sede do Sebrae, em Fortaleza.
Essa ação faz parte do pacote de medidas anunciado na quinta-feira (21 de agosto) pelo governo estadual, com o objetivo de reduzir os impactos do chamado “tarifaço” sobre a economia cearense. Outros pontos do programa incluem:
Oferecimento de crédito de exportação para empresas;
Redução dos encargos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI);
Subvenção econômica para ajudar empresas a manterem os negócios com os EUA
O credenciamento das empresas interessadas já vinha sendo organizado desde o dia 22 de agosto, por meio de edital da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), que prevê também compras de mel, castanha, filé de peixe e cajuína Governo do Ceará. Esse edital visa fortalecer o mercado local para produtos que tiveram suas exportações comprometidas.
“Este edital representa um esforço do Governo do Ceará para proteger a economia local e criar alternativas diante das dificuldades impostas pelo mercado internacional. Ao garantir destino para os produtos afetados, fortalecemos nossas empresas e asseguramos que a produção continue beneficiando os cearenses”, afirmou o secretário da SDA, Moisés Braz Ricardo.
O impacto do aumento tarifário sobre a economia local tem sido considerado severo. Já houve episódios de contêineres com castanha de caju e pescado que foram impedidos de embarcar para os Estados Unidos logo no início da aplicação da tarifa. Estima-se que 8 mil empregos no Ceará estejam ameaçados nesta primeira fase da crise, envolvendo pescadores, indústria e comércio ligados ao agronegócio.
Além da compra de produtos, entidades como FIEC e FAEC propõem a inclusão de itens exportáveis — como peixe, castanha, sucos e água de coco — na merenda escolar e alimentação de hospitais, como compensação da produção não embarcada para o exterior.
Por sua vez, o Governo do Estado tem articulado o redirecionamento dessas mercadorias para programas como o “Ceará Sem Fome” e a merenda escolar, ampliando o escoamento local e evitando perdas para os produtores.