Polícia Golpes
Quadrilha que aplicava golpes bancários no litoral do Piauí é denunciada pelo MP
Esquema envolvia uso de documentos falsos, contas de terceiros e movimentou mais de R$ 12 milhões; promotor pede condenação de 27 acusados
06/06/2025 11h28
Por: Adilson Carlos

O Ministério Público do Estado do Piauí denunciou 27 pessoas suspeitas de integrarem uma organização criminosa responsável por aplicar golpes em instituições financeiras, especialmente na região de Parnaíba e Luís Correia. A investigação aponta que o grupo causou um prejuízo estimado em R$ 12 milhões por meio de fraudes em empréstimos consignados, milhas e seguros.

A denúncia foi protocolada pelo promotor Marcelo de Jesus Monteiro Araújo no dia 19 de maio, com base nas apurações da Operação Personagens, conduzida pela Polícia Civil. Segundo o MP, o grupo atuava desde 2019 de maneira contínua e estruturada, utilizando meios eletrônicos para forjar documentos e simular contratos com bancos.

Esquema envolvia uso de moradores de rua

Uma das estratégias da quadrilha era recrutar pessoas em situação de rua para se passarem por beneficiários das fraudes. As vítimas emprestavam o nome e documentos, muitas vezes mediante engano, enquanto o dinheiro era movimentado por integrantes do grupo. Em um dos casos, um morador de rua teve R$ 8.300 depositados em sua conta, valor logo transferido para outra envolvida no esquema.

Núcleos especializados dentro da quadrilha

As investigações revelaram a existência de núcleos operacionais distintos dentro do grupo: um núcleo técnico, responsável pelas fraudes digitais; outro voltado à lavagem de dinheiro; e um terceiro encarregado de recrutar os chamados “personagens” e operar presencialmente nas agências bancárias, quando necessário.

O esquema foi desvendado a partir da análise de um celular apreendido com um dos suspeitos, preso em flagrante ao tentar abrir uma conta no Banco do Brasil com documentos falsos.

Movimentações incompatíveis com a renda

A quebra do sigilo bancário dos investigados revelou movimentações incompatíveis com suas rendas declaradas. O destaque ficou para Rafael Rodrigues dos Santos, apontado como peça-chave da quadrilha, que movimentou cerca de R$ 3,7 milhões entre 2021 e 2024, conforme os dados anexados ao processo.

MP pede condenação e bloqueio de bens

Com base nas provas reunidas, o MP pede que os denunciados respondam por estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O promotor também solicitou o bloqueio e a indisponibilidade de bens até o valor de R$ 12 milhões.

O processo foi redistribuído, por decisão do juiz Caio Emanuel Severiano, para a Vara de Delitos de Organização Criminosa, em conformidade com o entendimento do STF de que, após a fase de inquérito, a instrução deve seguir sob responsabilidade de outro magistrado.

A investigação continua, e novas medidas judiciais podem ser adotadas conforme o avanço do caso.