Polícia Recaptura
Ex-PM condenado pela Chacina do Curió recebe nova pena nos EUA por mentir em processo de visto
Antônio José de Abreu Vidal Filho não revelou às autoridades de imigração dos Estados Unidos sua participação na massacre que resultou em 11 mortes na cidade de Fortaleza e foi sentenciado a 16 meses por tentar obter o visto americano.
03/06/2025 10h08 Atualizada há 2 meses
Por: Emanuel Lucas
Foto: ICE

Antônio José de Abreu Vidal Filho, ex-policial militar sentenciado a 275 anos de prisão pela Chacina do Curió – que vitimou 11 pessoas em Fortaleza em 2015 – foi condenado a 16 meses de prisão pela Justiça dos Estados Unidos. A pena foi aplicada por ele ter mentido durante o processo de solicitação de visto e, posteriormente, no pedido de asilo. Vidal Filho se mudou para os EUA em 2018, antes de ser julgado no Brasil, e permanece lá desde então.

A condenação em território americano, por perjúrio (ato de mentir em um procedimento oficial), decorre de sua negação de que respondia a um processo judicial no Brasil e que já havia sido preso. Após cumprir a pena na prisão americana, o ex-policial militar estará sujeito à deportação para o Brasil, onde deverá cumprir a sentença pela Chacina do Curió.

Natural de São Luís, no Maranhão, Antônio José de Abreu Vidal Filho atuava na Polícia Militar do Ceará. Ele e outros 44 policiais militares foram denunciados pela chacina em agosto de 2016 e, na sequência, presos preventivamente.

Em maio de 2017, Vidal Filho foi solto para aguardar o julgamento em liberdade. Duas semanas depois, em junho de 2017, ele esteve no consulado americano em Recife (PE) e solicitou um visto de turista para os EUA. Durante o processo, quando perguntado se já havia sido preso ou denunciado por algum crime, Antônio José respondeu negativamente. Seu visto foi aprovado na ocasião, e ele viajou para os Estados Unidos em maio de 2018, sem retornar ao Brasil desde então.

De acordo com o Departamento de Justiça americano, em 2020 o ex-policial entrou com um pedido de asilo nos EUA e mentiu novamente ao ser questionado sobre prisões, acusações ou interrogações por crimes em qualquer país, respondendo que não.

Em agosto de 2023, após ser sentenciado no Brasil, Antônio José foi preso pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) nos Estados Unidos. Antes de sua captura, ele chegou a integrar a lista vermelha de procurados devido à condenação pela chacina.

Em fevereiro de 2024, o ex-policial depôs à Corte de Imigração dos Estados Unidos, alegando que nunca mentiu para os oficiais migratórios e que não mencionou o processo da chacina porque ainda não havia sido condenado nem preso. Em maio de 2024, foi indiciado pelas autoridades americanas por dois crimes de fraude de visto, dois crimes de perjúrio e um crime de falsificação, ocultação e encobrimento de um fato material.

Em fevereiro de 2025, ele se declarou culpado pelo crime de perjúrio diante da Corte Federal do Distrito de Massachusetts, em Boston. A sentença de 16 meses de prisão foi proferida em 29 de maio.