A busca ativa escolar é um movimento constante na rede pública estadual de ensino. O objetivo principal da ação é evitar o abandono e possibilitar a todos a conclusão da educação básica, com perspectivas de ingresso na universidade e no mercado de trabalho. Mais do que isso, a iniciativa promove o fortalecimento de vínculos entre estudantes, professores, famílias e comunidade escolar em geral. Entre os dias 2 e 12 de maio de 2023, a Secretaria da Educação (Seduc) está desenvolvendo uma grande campanha neste sentido, favorecendo a promoção de atividades de acompanhamento, apoio e acolhimento aos alunos, consolidando cada vez mais a política no dia a dia das unidades de ensino.
Beatriz de Lima, de 18 anos, cursa a 3ª série na Escola de Ensino Médio (EEM) Gonzaga Mota, em Quixadá. A jovem passou pela experiência de ter engravidado durante a adolescência, condição que lhe trouxe desafios significativos para seguir nos estudos. Beatriz diz nunca ter perdido o vínculo com a escola, mas que precisou ficar ausente das atividades durante os primeiros dias seguintes ao parto, devido a complicações em seu quadro de saúde.
“Tive algumas dificuldades para me adaptar em relação a ser mãe, pois sou muito nova, mas a cada dia venho me superando. Senti falta da escola, mas reconheço que ela sempre esteve muito presente, me apoiando em todos os momentos. Voltei a estudar porque gosto, porque me sinto bem na escola e vejo um futuro brilhante para mim. E também, por causa da minha filha. Quando olho pra ela, minha força de vontade aumenta. Ela é minha inspiração e me faz enfrentar os desafios, todos os dias. Os meus colegas e professores sempre auxiliaram e graças também a eles foi bem mais fácil. Quero concluir essa etapa da minha vida e entrar em uma faculdade. Vou incentivar a minha filha a estudar e quero ser uma inspiração para ela, sempre dizendo que a escola é um lugar incrível, que proporciona muitas coisas boas, sendo o lugar onde ela vai alcançar tudo o que almeja”, ressalta.
A coordenadora da EEM Gonzaga Mota, Sâmila Sales, aponta que somente em 2023 já foram trazidos de volta mais de 40 alunos que estavam em situação de abandono. De acordo com a educadora, a unidade de ensino adota “plantões de busca ativa”, que ocorrem via telefone e visita domiciliar, com o acompanhamento diário da frequência dos estudantes.
“À medida que percebemos a ausência de um aluno ao longo da semana, entramos em contato com a família para saber o motivo. Quando essa medida é ineficaz, os professores diretores de turma entram em ação e procuram, pessoalmente, os responsáveis. Aliás, todos os funcionários da escola se veem nessa corresponsabilidade de resgatar os alunos faltosos, muitas vezes indo até a casa deles. Também contamos com o apoio dos outros estudantes, que auxiliam na busca ativa entre pares. Após esse contato, com uma conversa mais próxima, é muito difícil que o aluno não volte à escola”, explica Sâmila.
Na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Liceu Professor Domingos Brasileiro, em Fortaleza, o estudante Diego Samuel Moreira, de 17 anos, deixou de frequentar a escola quando já estava na última série, prestes a concluir a educação básica. A ausência foi notada pela escola e, pouco tempo depois, o jovem estava de volta à sala de aula.
“Recebi várias ligações telefônicas e mensagens de whatsapp, solicitando justificativas para as minhas faltas. De início, tentei omitir o motivo, não falava a verdade e muitas vezes não respondia. Em seguida, fui informado pela gestão de que eu ia perder a minha vaga. Como estou no último ano de estudos, resolvi voltar, após muita insistência da escola. O motivo real é que eu estava trabalhando no período da noite e, como chegava tarde em casa, não conseguia acordar pela manhã a tempo de vir para a escola. Conforme orientação da escola, solicitei à empresa uma mudança no meu horário e agora está sendo possível conciliar o meu trabalho e a escola. Enfim, vou poder terminar os meus estudos”, frisa o estudante.
No Liceu Domingos Brasileiro, foi criado um “buscativômetro”, painel que expõe o quantitativo de estudantes em processo de busca ativa, e também dos que retornaram à escola. Denise Pinheiro, diretora da unidade de ensino, esclarece que também conta com o apoio dos professores diretores de turma e dos demais estudantes, sobretudo os líderes de classe.
“Trabalhamos a busca ativa de forma séria e contínua, pois acreditamos ser de fundamental importância manter o elo com nossos estudantes. Esse buscativômetro é atualizado quando notamos alguma alteração nos dados. E para completar nosso trabalho, alimentamos um arquivo virtual na plataforma Google Drive, diariamente, que é socializado com toda equipe pedagógica, gestão, professores diretores de turma e professores coordenadores. A partir desse arquivo, a equipe envolvida no trabalho entra em contato com os faltosos e solicita a presença dos familiares ou responsáveis, para realizarmos o resgate, com assinatura de um termo de responsabilidade”, cita a diretora.