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Tuberculose: adesão ao tratamento completo é essencial para cura
Pacientes que não seguem as orientações médicas podem voltar a ter sintomas e a transmitir a doença (Foto: Bárbara Danthéias) Apesar de a tuberculo...
30/07/2024 18h53
Por: Redação Portal Verdes Campos Sat Fonte: Secom Ceará

Apesar de a tuberculose ter prevenção, diagnóstico, acompanhamento e medicamentos disponíveis de forma gratuita na rede pública de saúde, a doença ainda é transmitida e a taxa de abandono do tratamento é considerada alta. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), cerca de 11% das pessoas diagnosticadas com tuberculose no estado não conseguem concluir o tratamento.

O secretário executivo de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional da Sesa e médico infectologista, Lauro Perdigão, explica que as causas do abandono são diversas. “As pessoas, por vários motivos, muitas vezes não concluem os seis meses de tratamento, o que é um risco. Por exemplo, às vezes o paciente melhora, acha que está curado e para o tratamento”.

Ele chama ainda a atenção para o fato de que os pacientes que não seguem as orientações médicas até a cura da tuberculose colocam em risco não só a si mesmos, mas também as pessoas próximas a eles. Isso porque a doença sem a atenção adequada pode voltar a ser transmitida, aumentando, assim, a incidência de novos casos.

“O tratamento da tuberculose precisa ter seu tempo respeitado, porque esse abandono gera tanto a recidiva da infecção (a pessoa vai voltar a ter sintomas, vai voltar a transmitir) como também aumenta o risco de ela ficar resistente aos antibióticos. O paciente passa a ter que tomar uma outra linha de tratamento e muitas dessas terapias são injetáveis, o que dificulta a adesão até o final”, pontua.

O secretário pontua que a tuberculose afeta, mais comumente, os pulmões, mas também atinge outras partes do corpo como os ossos, a laringe e o sistema nervoso central. Em qualquer situação, o paciente com suspeita da doença deve ir a uma unidade básica de saúde. O médico da atenção primária irá avaliar a situação, realizar a notificação do caso e acompanhar o paciente até o fim do tratamento. “Toda unidade básica de saúde é capaz de fazer esse atendimento, suspeitar, solicitar os exames e acompanhar esse paciente”, pontua.

Os sintomas principais da tuberculose pulmonar são: tosse por três semanas ou mais, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a tuberculose é transmitida por aerossóis, ou seja, pequenas partículas que ficam suspensas no ar e que podem ser emitidas, por exemplo, através da fala, do espirro e da tosse.

Foto: Reprodução/Secom Ceará

Cenário epidemiológico

De acordo com o médico Carlos Garcia, orientador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e não Transmissíveis (Cevep) da Sesa, o cenário epidemiológico no território cearense nos últimos anos é considerado estável. “Ocorre que essa é uma doença já antiga, bem conhecida, que tem diagnóstico e tratamento pelo SUS e preocupa ter essa transmissão sustentada, a manutenção de uma incidência ainda considerada alta”, comenta.

De janeiro a julho deste ano, o Ceará registrou 1.879 notificações de novos casos de tuberculose. O dado consta na Planilha de Notificação Semanal (PNS) divulgada pela Sesa. O mais recente boletim epidemiológico, publicado em março deste ano, mostra que a média de novos casos no estado foi de 3.600 por ano, considerando o período entre 2010 e 2022.

O orientador da Cevep reforça a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminação da tuberculose como problema de saúde pública até 2035. “A proposta da OMS é reduzir em 95% a mortalidade da doença até 2035. Então, por exemplo, no caso do Brasil, a mortalidade hoje é de 4.500 óbitos por ano e aí, até 2035, o Brasil todo teria que ter, no máximo, 330 óbitos por ano”, comenta.

Prevenção, diagnóstico e tratamento

Carlos Garcia explica que a prevenção aplicada para a tuberculose no Brasil começa na infância, através de vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje, no Brasil, a gente tem uma vacina já usada há muito tempo, a BCG. Essa vacina é usada em crianças e ela protege contra as formas mais graves no início da vida, mas ela não vai conferir uma proteção ao longo de toda a vida. Na verdade, ela é uma vacina que tem como foco proteger as crianças antes dos cinco anos, mais especificamente as crianças antes dos dois anos, que podem ter formas muito graves e um desfecho bem complicado. Para as outras faixas etárias, temos diagnóstico precoce e tratamento eficaz. Tudo isso pelo SUS, tudo isso de forma gratuita”, finaliza.

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