A parceria foi possibilitada pela Sesa por meio de portaria Portaria Nº 363, publicada no Diário Oficial do Estado no último dia 14 de junho
No primeiro semestre de 2024, 636 pessoas tiveram a oportunidade de voltar a enxergar após um transplante de córnea no Ceará. A expectativa é que esse número seja crescente com a parceria assinada, na última quarta-feira (18), pelo Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e o Serviço de Verificação de Óbito Dr. Rocha Furtado (SVO). A cerimônia foi realizada na Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), instituição responsável pelos equipamentos.
Com a mudança, todos os óbitos encaminhados para o SVO a partir de hospitais ou residências poderão contar com uma equipe do Banco de Olhos do HGF para captação do tecido, após entrevista e aprovação por parte da família. “A equipe do HGF poderá realizar a captação da córnea e aguardar pela declaração de óbito do paciente, a fim de entender se é viável dar continuidade ao processo de investigação do tecido recolhido”, explica a coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HGF, Márcia Vitorino.
Para garantir maior segurança, a córnea só poderá ser recolhida nas instalações do SVO até seis horas após o óbito. É preciso também avaliação médica sobre o histórico do paciente antes da captação. O objetivo é evitar o desperdício de pessoal e material na realização dos procedimentos. “Com essa análise prévia, nós garantimos que as córneas mais prováveis de estarem aptas ao transplante sejam preservadas até que a declaração de óbito confirme a segurança do tecido”, explica Vitorino.
Anacélia Gomes de Matos, diretora-geral do SVO, comemorou a parceria. “É fundamental para o fortalecimento do SVO como equipamento público do estado do Ceará e, acima de tudo, para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Vamos poder ajudar, ainda mais, aqueles cearenses que precisam voltar a enxergar”, pontuou.
Fundado em 2006, o Banco de Olhos do HGF foi o primeiro do Ceará e se mantém como o único público no estado. O equipamento recebe córneas de hospitais que possuem CIHDOTT e realiza um minucioso trabalho de avaliação do tecido para preservação e utilização no transplante de córnea — a maior parte deles realizados pelo serviço de Oftalmologia da unidade, referência no Norte e Nordeste.
O Banco de Olhos do HGF é o equipamento público responsável pela captação, análise e preservação de córneas no Estado
“Infelizmente, ainda não existe uma prótese para a córnea. Então nosso trabalho, há 18 anos, é sensibilizar a população sobre a importância da doação e atuar rotineiramente para garantir parcerias com órgãos que possam ser fontes para nós”, ressaltou o diretor técnico do Banco de Olhos do HGF, Sisley Viana. “Nossa missão é garantir que pessoas com problemas visuais graves possam recuperar a visão e ter uma vida mais feliz, digna e integrada à sociedade”, acrescentou.