Com todo o efetivo disponível nas ruas desde o início da tragédia climática, a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul informa que já realizou 135 prisões no período. Destas 53 foram em abrigos e 37 por furto.
A população afetada tem feito relatos de saques em estabelecimentos comerciais e roubos a residências desde o início das inundações. Moradores de Porto Alegre e de Canoas (na região metropolitana da capital) chegaram a contratar seguranças em barcos para vigiarem condomínios abandonados.
O governo diz que "está atuando para combater todo tipo de crime, como furtos nas ruas, comércios e residências afetadas". Nas áreas alagadas, o patrulhamento da Brigada Militar e da Polícia Civil é feito em botes, barcos e aeronaves.
Abrigos
Nos abrigos, onde há cerca de 76 mil pessoas, também há monitoramento constante. Há duas semanas, seis pessoas foram presas sob suspeita de cometerem crime de estupro em abrigos. Um dos crimes teria sido praticado contra uma criança em Viamão, a cerca de 20 km de Porto Alegre.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que indicadores coletados entre 1º e 19 de maio apontam redução de 42% nos homicídios e 80% nos feminicídios. O indicador de roubos a pedestre caiu 76% e o de roubos a veículo, 60%.
"Para reforçar a segurança nesse período, foram convocados policiais e bombeiros da reserva para atuarem na segurança dos abrigos e no auxílio das vítimas", diz a secretaria. Férias e recessos de policiais e bombeiros foram cancelados.
Além dos quase 30 mil policiais e bombeiros do estado em atividade, há também reforço de policiais de outros estados, da Força Nacional, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das Forças Armadas.
Medo de furtos
Os relatos de saques e roubos começaram logo no início da crise. Em algumas cidades atingidas, moradores se recusam a deixar suas casas com medo de furtos. Há relatos também de desvio de doações para desabrigados.
Na sexta-feira (17), por exemplo, a polícia prendeu em Porto Alegre dois suspeitos de tráfico de drogas e de desvio de quentinhas. Ao chegar em uma residência após denúncia, encontrou 170 pinos de cocaína e porções de alimentos destinadas a desabrigados.
As fortes chuvas do Rio Grande do Sul causaram ao menos 155 mortes, de acordo com boletins divulgados neste domingo (19). O número pode aumentar nos próximos dias, já que ainda há 89 desaparecidos. São 806 feridos.
No total, 463 municípios foram afetados, sendo que 76.955 pessoas continuam desabrigadas e 540.633 foram desalojadas